domingo, 28 de setembro de 2025

Projeto “Exposição temporária do Museu da Escola: a memória da nossa sociedade através das diversas fontes históricas”


 

INSTITUTO DE EDUCAÇÃO DE MINAS GERAIS (IEMG)
NOVO ENSINO MÉDIO – ÁREA DE CIÊNCIAS HUMANAS

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Projeto “Exposição temporária do Museu da Escola: a memória da nossa sociedade através das diversas fontes históricas”

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

BELO HORIZONTE – MG

2022


 

Introdução

 

Qualquer exposição ou mostra é baseada em uma escolha. Buscamos apresentar objetos que carregam em si uma determinada narrativa sobre um assunto especifico. Há quase sempre o desejo de representar e comunicar histórias, tradições, novidades, conhecimentos, modos de fazer e viver. Por esta razão, ao selecionarmos os objetos para serem expostos, somos direcionados para ideias e imagens que por sua vez estabelecem uma série de sentidos e diálogos com o público, ou seja, a escolha desses objetos estabelece um sistema de comunicação dotado de uma lógica e um sentido próprios.

Este projeto está diretamente voltado para a educação científica, na proposta do Novo Ensino Médio, uma vez que abrange temas ou eixos temáticos contemplados nas propostas curriculares das escolas. Dentre os temas relacionados, podemos ressaltar: história do Brasil e História local, além de se relacionar com outros temas como diversidade cultural, educação patrimonial, entre outros.

A finalidade do nosso trabalho é explicar de modo claro, concreto e interdisciplinar o que são as fontes de pesquisa de um historiador que também pode permitir que ocorra a produção de determinados conhecimentos que vem a se manifestar no meio discente, podendo trazer mudanças de atitudes e valorizar a existência dos sujeitos no seu processo de interação. Vamos trabalhar com os objetos tanto na concepção de fontes históricas como também como patrimônios culturais de um determinado povo que viveu em uma sociedade em um dado tempo histórico.

Luís Barros ressalta que:

 

O património cultural inclui não só a herança cultural de cada povo que se manifesta pelas expressões “mortas” como os locais arqueológicos, os monumentos arquitetônicos relevantes pelos estilos que mostram ou pelos eventos passados que evocam, enfim objetos artísticos e também de valor histórico hoje em desuso, mas também pelos bens culturais atuais, tangíveis e intangíveis, as novas formas de artesanato englobando a assimilação local de novas tecnologias, as línguas e as sua evolução viva, os conhecimentos e vivências atuais. (BARROS, 2004, p.12).

 

Em suma, o conceito de patrimônio cultural nos permite compreender que todos os bens (a nível histórico, arqueológico, científico e linguístico), sejam eles herdados ou criados, são testemunhas civilizacionais do contexto social e, por isso, portadores de interesse cultura. São importantes para se compreender a nossa realidade, a nossa cultura e a nossa história tanto de tempos passados como de tempos atuais.

Temos que lembrar também que como escola (como professores da área de ciências humanas) somos responsáveis por transmitir\ensinar a história, os valores, as marcas identitárias locais, as ideias, e pensamentos da nossa sociedade. Isto porque tais elementos possuem consequentemente uma grande importância na formação da identidade do indivíduo e do cidadão.

Este projeto se insere dentro de uma perspectiva de uma sala de aula aberta e interdisciplinar, onde o processo de ensino-aprendizagem ocorrerá de modo dialógico, interativo, numa perspectiva horizontal. Consideramos o processo de ensinar e aprender como algo muito complexo que pode se dar nos mais diversos espaços e tempos históricos, sociais e culturais. Rompendo com o modelo tradicional de educação, no qual, o professor é o centro e o detentor de todo o conhecimento, o aprendizado se resume ao ato de memorizar\repetir e o ato de ensinar se restringe ao repassar conteúdos já prontos. E instituindo a escola como um ambiente de possibilidades de vivências e de aprendizagens, tanto para os alunos como para os professores. Neste novo contexto, o conhecimento é formulado em estreita relação com o contexto em que é utilizado, assim, tornando quase impossível separar os aspectos cognitivos, emocionais e sociais presentes nesse processo.

Neste projeto, o aluno terá um papel de destaque e de coprotagonista. Reafirmando a capacidade crítica do educando, a sua curiosidade e uma certa insubmissão ativa. Buscamos também trabalhar com os educandos a rigorosidade metódica com que eles devem se “aproximar’\analisar\compreender os objetos cognoscíveis. Como nos lembra Freire (1981), a educação não acontece de cima para baixo, do mais para o menos. Segundo o autor, nós nos educamos de forma horizontalizado, ou seja, este processo acontece mutuamente, mediatizados pelo mundo. Da mesma forma, nos lembra Santos (2002, p. 18)

 

Educar não se limita a repassar informações ou até mesmo mostrar um caminho que o educador considera o mais certo, mas sim em ajudar a pessoa a tomar consciência de si mesma, dos outros e da sociedade. É oferecer ferramentas para que a pessoa possa escolher entre muitos caminhos, aquele que for compatível com seus valores, sua visão de mundo e com as circunstâncias adversas. (SANTOS, 2002, p. 18)

 

Neste sentido, buscamos com o projeto “A memória da nossa sociedade através das diversas fontes históricas” transforma o espaço escolar em um local que tem como função social o Pleno Desenvolvimento Humano entendido como garantia de atendimento às necessidades, possibilidades e dimensões cognitivas, corpóreas, afetivas, éticas, sociais, culturais, ecológicas, espirituais dentro tantas outras categorias que constituem a complexidade do humano como ser.

 

Justificativa

A partir das propostas do novo ensino médio, na área de ciências humanas, podemos perceber a importância de se trabalhar com problemas contemporâneos que representam as necessidades sociais reais dos nossos alunos. É importante fazer com que o ensino de História, Sociologia, Filosofia e Geografia se tornem mais significativos para os educandos, permitindo a investigação dos lugares onde vive, tendo em vista a importância da dimensão local e o respeito pelo patrimônio que testemunha o passado e sua função à partir do valor histórico-social dos lugares de memória a serem preservados/ reformados/salvaguardados/reconstruídos/revitalizados/ e rememorados para sustentabilidade dos saberes e fazeres como forma de valorizar e conhecer a história local.

Qualquer forma de exposição de objetos materiais e imateriais ocorre efetivamente quando há a sintonia entre sujeito (visitante) e um ou mais objetos (do conjunto expositivo). Também podemos dizer que este é o encontro entre a sociedade (as pessoas de um determinado lugar e de uma determinada época) e o seu patrimônio (a sua produção cultural). O sentido dos objetos se dá nesta relação. Por esta razão, afirmamos que o projeto “A memória da nossa sociedade através das diversas fontes históricas” não se resume a mera apresentação no formato museológico de uma coleção de objetos antigos. Por trás da ideia desta exposição, existe a tentativa de construir dialeticamente e de modo interdisciplinar experiências de aprendizagem mais significativas para dar vida aos conteúdos trabalhados em sala de aula de acordo com a proposta do Novo Ensino Médio.  Assim, simultaneamente, este projeto busca levar “o museu” ou o “laboratório do Historiador” e muitos dos seus objetos de pesquisa para dentro da sala de aula ao lado das chamadas ciências auxiliares da história. Isto significa que a História (e, consequentemente, o historiador) não trabalha sozinha. Pelo contrário, o trabalho de resgatar o passado para compreender o presente é realizado de maneira interdisciplinar. A história enquanto ciência usa (trabalha junto) em suas pesquisas e análises com outras ciências. Por exemplo, a Sociologia estuda a organização e funcionamento das sociedades humanas; Antropologia auxilia a História a estudar as relações dos grupos humanos, os sistemas religiosos, a cultura, os costumes, as características raciais, etc.; a Filosofia estuda e reflete sobre questões como, por exemplo o conhecimento humano, verdade, significado da vida, moralidade, linguagem, etc.; para compreender o período pré-histórico, o historiador é auxiliado pela paleontologia (estudo dos fósseis); a heráldica permite estudar os brasões e os emblemas; a numismática estuda as moedas e medalhas; a paleografia permite ao historiador ter acesso as escritas antigas, etc.

Todo este movimento exige o que Paulo Freire chama de “rigorosidade metódica, ou seja, exige que os alunos e professores tenham uma postura consciente, uma conduta planejada de quem deseja produzir situações onde a leitura do objeto\da fonte histórica não fique restrita a simples decodificação do que é o objeto. Mas, pelo contrário, vá além da repetição do que já se sabe e busque entender a exposição de objetos\fontes como um espaço privilegiado para uma aprendizagem que é mediada pelos objetos da exposição. Esta aprendizagem está amparada na própria estrutura concreta do objeto cultural, das relações sociais existentes no tempo e no espaço. O aluno deve estar disposto a interpretar os objetos apresentados.

 

“A exposição verdadeiramente histórica é aquela em que a comunicação dos documentos, por sua seleção e agenciamento, permite encaminhar inferências sobre o passado – ou melhor, sobre a dinâmica – da sociedade, sob aspectos delimitados, que conviria bem definir, a partir de problemas históricos. Inferências são abstrações, que não emanam da materialidade dos objetos, mas dos argumentos dos historiadores, referindo-se a propriedades materiais ‘indiciárias’ desses objetos e a informações sobre suas trajetórias.” (MENEZES, 1994, p. 39

 

Nesta perspectiva, trabalhamos com a perspectiva que a História é uma construção coletiva. Somos todos agentes históricos responsáveis pela construção da nossa história. Deste modo, os objetos em exposição permitem que os alunos assimilem de maneira mais fácil a compreensão da história deles próprios e do seu grupo social. Permitindo desenvolver nos alunos a habilidade de identificar objetos e documentos pessoais que remetem a própria experiência no âmbito da família e\ou da sua comunidade, discutindo as razões pelas quais alguns objetos são preservados e outros são descartados.

 

Objetivo Geral

 

 

·         Preparar o educando para o exercício da cidadania, para sua inserção qualificada na sociedade, e para capacitá-lo para o aprendizado permanente e autônomo.

 

Objetivos específicos

 

 

·         Contribuir para a formação integral dos estudantes na área de Ciências Humanas, levando o conhecimento, estimulando o respeito e a proteção aos bens materiais da escola no sentido de promover a conservação do nosso patrimônio histórico cultural.

·         Contribuir para que o educando reflita sobre seu papel como ator social pertencente a uma determinada comunidade, que possui patrimônios individuais e coletivos, memórias e legados que devem ser preservados.

·         Valorizar a interação dos estudantes com seu território\espaço e com o seu tempo histórico.

·         Resgatar histórias, estreitar vínculos com a comunidade\com a escola e aprofundar o conhecimento sobre a realidade, contribuindo para o desenvolvimento da cidadania entre os estudantes.

 

 


 

Metodologia

 

 

Um projeto expo gráfico (o projeto de uma exposição) envolve muitos itens e necessita de um bom tempo para ser feito. O primeiro passo para a realização deste projeto, é o planejar, representar e visualizar o resultado da sua montagem, mesmo antes de ela ser executada. E tudo isto será feito por uma equipe interdisciplinar, baseado no perfil dos alunos do primeiro ano e nas propostas pedagógicas do Novo Ensino Médio.

Começaremos com a definição do tema da exposição e a seleção dos objetos a serem expostos. Neste momento, também foi definido que tipo de exposição será realizado e em qual o espaço físico ocorrerá a exposição. Optamos por uma exposição temporária, haja vista que a escola não possui no momento um espaço para a realização de uma exposição permanente. Foi pensada uma exposição que possuísse características semelhantes às de um museu. O local escolhido foi o Salão Nobre do Instituto de Educação de Minas Gerais. Em virtude de ser um local amplo, seguro e com todas as condições necessárias para se realizar uma exposição. Este espaço físico proporciona o total acesso a fim de que todo o público possa participar visualizando, interagindo e questionando, diz a profissional”. Durante as atividades, os estudantes e demais visitantes podem se organizar em fileiras ou grupos, onde são conduzidos pelo professor titular da sala ao espaço da exposição. A equipe do museu orienta o público acerca da participação e observação durante a apresentação dos trabalhos.

Nesta fase de preparação, todos os objetos serão registrados em fichas com nome do doador ou dono, de onde isso veio, origem demográfica, descrição e um número de identificação. Isto facilitará a identificação e a organização das peças. Em seguida, será criado uma forma para agrupar\relacionar cada um deles. Podendo ser utilizados critérios como categoria científica, tema ou origem geográfica.

Em seguida, ocorrerá o planejamento da exposição em si. Neste momento, oOs objetos serão dispostos de acordo com sua tipologia e identificados de forma clara. Para guiar o visitante, utilizaremos etiquetas em todas as peças da exposição, nas quais, colocaremos uma breve descrição do objeto, onde estava e/ou onde foi coletado e quem emprestou. Também definiremos o horário, o plano de exibição da exposição e a elaboração de um formulário de avaliação.

A parte final do projeto constará na organização da desmontagem da exposição, ou seja, depois de finalizar a exposição, devemos nos certificar de que todos os objetos foram devolvidos para os donos e verificar se eles estão bem embalados.

 

CRONOGRAMA

 

DATA

AÇÃO

RESPONSÁVEL

14 a 19\02

Discussão e elaboração do projeto

Professores Edva Régis e Ronaldo Campos

22\02

Marcação do espaço (biblioteca do IEMG)

Professores Edva Régis e Ronaldo Campos

22\02 a 04\03

Apresentação do projeto para os alunos

 

Divisão dos alunos de cada turma em grupos de seis alunos

Professores Edva Régis e Ronaldo Campos

23\02

Envio do projeto para a supervisora e para a vice direção

Professor Ronaldo Campos

03\03 a 17\03

Pesquisa, preparação do roteiro para a apresentação e estudo sobre

Alunos dos terceiros anos do ensino médio

18\03

Realização (apresentação) do projeto “Café com Leite”

Alunos dos terceiros anos do ensino médio

 


 

AVALIAÇÃO

 

O ato de avaliar é inerente ao dia a dia de todas as pessoas em suas mais variadas atividades, seja de modo intencional ou não, até nas atividades mais simples, todos estamos sujeitos a alguma forma de julgamento, de confrontação ou de análise. No processo formal da educação, a avaliação é uma etapa importantíssima. Contudo, é importante lembrar que em cada momento do processo de aprendizagem do estudante, o professor tem que ter uma estratégia para que os seus alunos cheguem onde precisam chegar. Por isto, precisamos ensinar e não apenas mostrar ao aluno que ele não sabe. Pois,

 

A avaliação atravessa o ato de planejar e de executar; por isso, contribui em todo o percurso da ação planificada. A avaliação se faz presente não só na identificação da perspectiva político social, como também na seleção de meios alternativos e na execução do projeto, tendo em vista a sua construção. (...) A avaliação é uma ferramenta da qual o ser humano não se livra. Ela faz parte de seu modo de agir e, por isso, é necessário que seja usada da melhor forma possível (LUCKESI, 2002, p.118).

 

De fato, a avaliação não pode ficar restrita apenas nas provas aplicadas no final do bimestre letivo. Este “tipo de avaliar” (denominada de classificatória) é muito excludente e oculta a aprendizagem. Neste sentido, a avaliação será realizada aqui de modo processual (também chamada de avaliação formativa ou contínua), onde, serão combinados vários instrumentos avaliativos para mensurar mais assertivamente os diversos aspectos do processo de ensino-aprendizado. Neste processo, a avaliação buscará identificar se o aluno realmente está conseguindo aprender a partir do processo metodológico praticado e de base para os feedbacks.


 

 

 

Bibliografia

 

 

BARROS L. Aires. Património cultural. Novos enfoques e paradigmas. Actas do X Cursos Internacionais de Verão de Cascais, Vol.2, Cascais, pp. 7-26. 2004.

MENEZES, Ulpiano Toledo Bezerra de. De teatro da memória ao

 laboratório da História: a exposição museológica e o conhecimento histórico. Anais do Museu Paulista. São Paulo, v. 35, pp. 9-42. Jan/dez 1994.

SANTOS, M. C. T. M. Processo museológico e educação: construindo um museu didático - comunitário. Cadernos de Sócio museologia, n. 7. Lisboa: Edições Universitárias Lusófonas. 1996.

Nenhum comentário:

Postar um comentário