INSTITUTO DE
EDUCAÇÃO DE MINAS GERAIS (IEMG)
NOVO ENSINO MÉDIO – ÁREA DE CIÊNCIAS HUMANAS
Projeto “Exposição
temporária do Museu da Escola: a memória da nossa sociedade através das
diversas fontes históricas”
BELO
HORIZONTE – MG
2022
Introdução
Qualquer
exposição ou mostra é baseada em uma escolha. Buscamos apresentar objetos que carregam
em si uma determinada narrativa sobre um assunto especifico. Há quase sempre o
desejo de representar e comunicar histórias, tradições, novidades,
conhecimentos, modos de fazer e viver. Por esta razão, ao selecionarmos os
objetos para serem expostos, somos direcionados para ideias e imagens que por
sua vez estabelecem uma série de sentidos e diálogos com o público, ou seja, a
escolha desses objetos estabelece um sistema de comunicação dotado de uma
lógica e um sentido próprios.
Este projeto está diretamente
voltado para a educação científica, na proposta do Novo Ensino Médio, uma vez
que abrange temas ou eixos temáticos contemplados nas propostas curriculares
das escolas. Dentre os temas relacionados, podemos ressaltar: história do
Brasil e História local, além de se relacionar com outros temas como
diversidade cultural, educação patrimonial, entre outros.
A
finalidade do nosso trabalho é explicar
de modo claro, concreto e interdisciplinar o que são as fontes de pesquisa de
um historiador que também pode permitir que ocorra a produção de determinados
conhecimentos que vem a se manifestar no meio discente, podendo trazer mudanças
de atitudes e valorizar a existência dos sujeitos no seu processo de interação.
Vamos trabalhar com os objetos tanto na concepção de fontes históricas como
também como patrimônios culturais de um determinado povo que viveu em uma
sociedade em um dado tempo histórico.
Luís
Barros ressalta que:
O património cultural
inclui não só a herança cultural de cada povo que se manifesta pelas expressões
“mortas” como os locais arqueológicos, os monumentos arquitetônicos relevantes
pelos estilos que mostram ou pelos eventos passados que evocam, enfim objetos
artísticos e também de valor histórico hoje em desuso, mas também pelos bens
culturais atuais, tangíveis e intangíveis, as novas formas de artesanato
englobando a assimilação local de novas tecnologias, as línguas e as sua
evolução viva, os conhecimentos e vivências atuais. (BARROS, 2004, p.12).
Em suma, o conceito de
patrimônio cultural nos permite compreender que todos os bens (a nível
histórico, arqueológico, científico e linguístico), sejam eles herdados ou
criados, são testemunhas civilizacionais do contexto social e, por isso,
portadores de interesse cultura. São importantes para se compreender a nossa
realidade, a nossa cultura e a nossa história tanto de tempos passados como de
tempos atuais.
Temos que lembrar
também que como escola (como professores da área de ciências humanas) somos
responsáveis por transmitir\ensinar a história, os valores, as marcas
identitárias locais, as ideias, e pensamentos da nossa sociedade. Isto porque
tais elementos possuem consequentemente uma grande importância na formação da identidade
do indivíduo e do cidadão.
Este projeto se insere
dentro de uma perspectiva de uma sala de aula aberta e interdisciplinar, onde o
processo de ensino-aprendizagem ocorrerá de modo dialógico, interativo, numa
perspectiva horizontal. Consideramos o processo de ensinar e aprender como algo
muito complexo que pode se dar nos mais diversos espaços e tempos históricos,
sociais e culturais. Rompendo com o modelo tradicional de educação, no qual, o
professor é o centro e o detentor de todo o conhecimento, o aprendizado se
resume ao ato de memorizar\repetir e o ato de ensinar se restringe ao repassar
conteúdos já prontos. E instituindo a escola como um ambiente de possibilidades
de vivências e de aprendizagens, tanto para os alunos como para os professores.
Neste novo contexto, o conhecimento é formulado em estreita relação com o
contexto em que é utilizado, assim, tornando quase impossível separar os
aspectos cognitivos, emocionais e sociais presentes nesse processo.
Neste projeto, o aluno
terá um papel de destaque e de coprotagonista. Reafirmando a capacidade crítica
do educando, a sua curiosidade e uma certa insubmissão ativa. Buscamos também trabalhar com os educandos a rigorosidade metódica com que eles devem se
“aproximar’\analisar\compreender os objetos cognoscíveis. Como nos lembra Freire
(1981), a educação não acontece de cima para baixo, do mais para o menos.
Segundo o autor, nós nos educamos de forma horizontalizado, ou seja, este
processo acontece mutuamente, mediatizados pelo mundo. Da mesma forma, nos
lembra Santos (2002, p. 18)
Educar não se limita a
repassar informações ou até mesmo mostrar um caminho que o educador considera o
mais certo, mas sim em ajudar a pessoa a tomar consciência de si mesma, dos
outros e da sociedade. É oferecer ferramentas para que a pessoa possa escolher
entre muitos caminhos, aquele que for compatível com seus valores, sua visão de
mundo e com as circunstâncias adversas. (SANTOS, 2002, p. 18)
Neste sentido, buscamos
com o projeto “A memória da nossa sociedade através
das diversas fontes históricas” transforma o espaço escolar em um local que tem como função
social o Pleno Desenvolvimento Humano entendido como garantia de atendimento às
necessidades, possibilidades e dimensões cognitivas, corpóreas, afetivas,
éticas, sociais, culturais, ecológicas, espirituais dentro tantas outras
categorias que constituem a complexidade do humano como ser.
Justificativa
A
partir das propostas do novo ensino médio, na área de ciências humanas, podemos
perceber a importância de se trabalhar com problemas contemporâneos que
representam as necessidades sociais reais dos nossos alunos. É importante fazer
com que o ensino de História, Sociologia, Filosofia e Geografia se tornem mais
significativos para os educandos, permitindo a investigação dos lugares onde
vive, tendo em vista a importância da dimensão local e o respeito pelo
patrimônio que testemunha o passado e sua função à partir do valor
histórico-social dos lugares de memória a serem preservados/
reformados/salvaguardados/reconstruídos/revitalizados/ e rememorados para
sustentabilidade dos saberes e fazeres como forma de valorizar e conhecer a
história local.
Qualquer
forma de exposição de objetos materiais e imateriais ocorre efetivamente quando
há a sintonia entre sujeito (visitante) e um ou mais objetos (do conjunto
expositivo). Também podemos dizer que este é o encontro entre a sociedade (as
pessoas de um determinado lugar e de uma determinada época) e o seu patrimônio
(a sua produção cultural). O sentido dos objetos se dá nesta relação. Por esta
razão, afirmamos que o projeto “A memória da nossa sociedade através das diversas
fontes históricas” não se resume a mera apresentação no formato museológico de
uma coleção de objetos antigos. Por trás da ideia desta exposição, existe a
tentativa de construir dialeticamente e de modo interdisciplinar experiências
de aprendizagem mais significativas para dar vida aos conteúdos trabalhados em
sala de aula de acordo com a proposta do Novo Ensino Médio. Assim, simultaneamente, este projeto busca
levar “o museu” ou o “laboratório do Historiador” e muitos dos seus objetos de
pesquisa para dentro da sala de aula ao lado das chamadas ciências auxiliares
da história. Isto significa que a História (e, consequentemente, o historiador)
não trabalha sozinha. Pelo contrário, o trabalho de resgatar o passado para
compreender o presente é realizado de maneira interdisciplinar. A história
enquanto ciência usa (trabalha junto) em suas pesquisas e análises com outras
ciências. Por exemplo, a Sociologia estuda a organização e funcionamento das
sociedades humanas; Antropologia auxilia a História a estudar as relações dos grupos
humanos, os sistemas religiosos, a cultura, os costumes, as características
raciais, etc.; a Filosofia
estuda e reflete sobre questões como, por exemplo o conhecimento humano,
verdade, significado da vida, moralidade, linguagem, etc.; para
compreender o período pré-histórico, o historiador é auxiliado pela
paleontologia (estudo dos fósseis); a heráldica permite estudar os brasões e os
emblemas; a numismática estuda as moedas e medalhas; a paleografia permite ao
historiador ter acesso as escritas antigas, etc.
Todo este movimento exige o que Paulo Freire chama de “rigorosidade
metódica, ou seja, exige que os alunos e professores tenham uma postura
consciente, uma conduta planejada de quem deseja produzir situações onde a
leitura do objeto\da fonte histórica não fique restrita a simples decodificação
do que é o objeto. Mas, pelo contrário, vá além da repetição do que já se sabe
e busque entender a exposição de objetos\fontes como um espaço privilegiado
para uma aprendizagem que é mediada pelos objetos da exposição. Esta aprendizagem
está amparada na própria estrutura concreta do objeto cultural, das relações
sociais existentes no tempo e no espaço. O aluno deve estar disposto a
interpretar os objetos apresentados.
“A exposição verdadeiramente histórica é aquela em
que a comunicação dos documentos, por sua seleção e agenciamento, permite
encaminhar inferências sobre o passado – ou melhor, sobre a dinâmica – da
sociedade, sob aspectos delimitados, que conviria bem definir, a partir de
problemas históricos. Inferências são abstrações, que não emanam da
materialidade dos objetos, mas dos argumentos dos historiadores, referindo-se a
propriedades materiais ‘indiciárias’ desses objetos e a informações sobre suas
trajetórias.” (MENEZES, 1994, p. 39
Nesta perspectiva, trabalhamos com a
perspectiva que a História é uma construção coletiva. Somos todos agentes históricos responsáveis pela construção
da nossa história. Deste modo, os objetos em exposição permitem que os alunos
assimilem de maneira mais fácil a compreensão da história deles próprios e do
seu grupo social. Permitindo desenvolver nos alunos a habilidade de identificar
objetos e documentos pessoais que remetem a própria experiência no âmbito da
família e\ou da sua comunidade, discutindo as razões pelas quais alguns objetos
são preservados e outros são descartados.
Objetivo Geral
·
Preparar o educando para o exercício da cidadania, para sua
inserção qualificada na sociedade, e para capacitá-lo para o aprendizado
permanente e autônomo.
Objetivos específicos
·
Contribuir para a formação integral dos
estudantes na área de Ciências Humanas, levando o conhecimento, estimulando o
respeito e a proteção aos bens materiais da escola no sentido de promover a
conservação do nosso patrimônio histórico cultural.
·
Contribuir para que o educando reflita
sobre seu papel como ator social pertencente a uma determinada comunidade, que
possui patrimônios individuais e coletivos, memórias e legados que devem ser
preservados.
·
Valorizar a interação dos estudantes com seu
território\espaço e com o seu tempo histórico.
·
Resgatar histórias, estreitar vínculos com a comunidade\com a
escola e aprofundar o conhecimento sobre a realidade, contribuindo para o
desenvolvimento da cidadania entre os estudantes.
Metodologia
Um projeto expo gráfico (o projeto
de uma exposição) envolve muitos itens e necessita de um bom tempo para ser
feito. O primeiro passo para a realização deste projeto, é o planejar, representar e visualizar
o resultado da sua montagem, mesmo antes de ela ser executada. E tudo isto será
feito por uma equipe interdisciplinar, baseado no perfil dos alunos do primeiro ano e
nas propostas pedagógicas do Novo Ensino Médio.
Começaremos
com a definição do tema da exposição e a seleção dos objetos a serem expostos. Neste
momento, também foi definido que tipo de exposição será realizado e em qual o
espaço físico ocorrerá a exposição. Optamos por uma exposição temporária, haja vista
que a escola não possui no momento um espaço para a realização de uma exposição
permanente. Foi pensada uma exposição que possuísse características semelhantes
às de um museu. O local escolhido foi o Salão Nobre do Instituto de Educação de
Minas Gerais. Em virtude de ser um local amplo, seguro e com todas as condições
necessárias para se realizar uma exposição. Este espaço físico proporciona o
total acesso a fim de que todo o público possa participar visualizando,
interagindo e questionando, diz a profissional”. Durante as atividades, os
estudantes e demais visitantes podem se organizar em fileiras ou grupos, onde
são conduzidos pelo professor titular da sala ao espaço da exposição. A equipe
do museu orienta o público acerca da participação e observação durante a
apresentação dos trabalhos.
Nesta fase de
preparação, todos os objetos serão registrados em fichas com nome do doador ou
dono, de onde isso veio, origem demográfica, descrição e um número de
identificação. Isto facilitará a identificação e a organização das peças. Em
seguida, será criado uma forma para agrupar\relacionar cada um deles. Podendo
ser utilizados critérios como categoria científica, tema ou origem geográfica.
Em seguida, ocorrerá o
planejamento da exposição em si. Neste momento, oOs objetos serão dispostos de
acordo com sua tipologia e identificados de forma clara. Para guiar o
visitante, utilizaremos etiquetas em todas as peças da exposição, nas quais,
colocaremos uma breve descrição do objeto, onde estava e/ou onde foi coletado e
quem emprestou. Também definiremos o horário, o plano de exibição da exposição
e a elaboração de um formulário de avaliação.
A parte final
do projeto constará na organização da desmontagem
da exposição, ou seja, depois de finalizar a exposição, devemos
nos certificar de que todos os objetos foram devolvidos para os donos e verificar
se eles estão bem embalados.
CRONOGRAMA
DATA |
AÇÃO |
RESPONSÁVEL |
14 a
19\02 |
Discussão
e elaboração do projeto |
Professores
Edva Régis e Ronaldo Campos |
22\02 |
Marcação
do espaço (biblioteca do IEMG) |
Professores
Edva Régis e Ronaldo Campos |
22\02
a 04\03 |
Apresentação
do projeto para os alunos Divisão
dos alunos de cada turma em grupos de seis alunos |
Professores
Edva Régis e Ronaldo Campos |
23\02 |
Envio
do projeto para a supervisora e para a vice direção |
Professor
Ronaldo Campos |
03\03
a 17\03 |
Pesquisa,
preparação do roteiro para a apresentação e estudo sobre |
Alunos
dos terceiros anos do ensino médio |
18\03 |
Realização
(apresentação) do projeto “Café com Leite” |
Alunos
dos terceiros anos do ensino médio |
AVALIAÇÃO
O ato
de avaliar é inerente ao dia a dia de todas as pessoas em suas mais variadas
atividades, seja de modo intencional ou não, até nas atividades mais simples,
todos estamos sujeitos a alguma forma de julgamento, de confrontação ou de
análise. No processo formal da educação, a avaliação é uma etapa
importantíssima. Contudo, é importante lembrar que em cada momento do processo
de aprendizagem do estudante, o professor tem que ter uma estratégia para que
os seus alunos cheguem onde precisam chegar. Por isto, precisamos ensinar e não
apenas mostrar ao aluno que ele não sabe. Pois,
A avaliação atravessa o
ato de planejar e de executar; por isso, contribui em todo o percurso da ação
planificada. A avaliação se faz presente não só na identificação da perspectiva
político social, como também na seleção de meios alternativos e na execução do
projeto, tendo em vista a sua construção. (...) A avaliação é uma ferramenta da
qual o ser humano não se livra. Ela faz parte de seu modo de agir e, por isso,
é necessário que seja usada da melhor forma possível (LUCKESI, 2002, p.118).
De
fato, a avaliação não pode ficar restrita apenas nas provas aplicadas no final
do bimestre letivo. Este “tipo de avaliar” (denominada de classificatória) é
muito excludente e oculta a aprendizagem. Neste sentido, a
avaliação será realizada aqui de modo processual (também
chamada de avaliação formativa ou contínua), onde, serão combinados vários instrumentos
avaliativos para mensurar mais assertivamente os diversos aspectos do processo
de ensino-aprendizado. Neste processo, a avaliação buscará identificar se o
aluno realmente está conseguindo aprender a partir do processo metodológico
praticado e de base para os feedbacks.
Bibliografia
BARROS L. Aires.
Património cultural. Novos enfoques e paradigmas. Actas do X Cursos
Internacionais de Verão de Cascais, Vol.2, Cascais, pp. 7-26. 2004.
MENEZES, Ulpiano Toledo Bezerra de. De teatro da memória ao
laboratório da História: a
exposição museológica e o conhecimento histórico. Anais do Museu Paulista. São
Paulo, v. 35, pp. 9-42. Jan/dez 1994.
SANTOS, M. C. T. M.
Processo museológico e educação: construindo um museu didático - comunitário.
Cadernos de Sócio museologia, n. 7. Lisboa: Edições Universitárias Lusófonas.
1996.
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