Questão número 1
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São Paulo, São Paulo
Premeditando o Breque
É sempre lindo
andar na cidade de São Paulo
O clima engana a vida é grana em São Paulo A japonesa loira a nordestina moura de São Paulo Gatinhas punks um jeito yankee de São Paulo Na grande cidade me realizar morando num BNH Na periferia, a fábrica escurece o dia... Não vá se incomodar com a fauna urbana de São Paulo Pardais, baratas, ratos da rota de São Paulo E pra você crianca, muita diversão em São Paulicão Tomar um banho no Tietê ou ver TV Na grande cidade me realizar morando num BNH Na periferia, a fábrica escurece o dia... Chora menino, Freguesia do Ó, Carandiru, Mandaquí ali Vila Sônia, Vila Ema, Vila Alpina, Vila Carrão Morumbi Pari O total Utinga, Embú e Imirim, Brás Brás Belém Bom Retiro Barra Funda, Hermelino Matarazzo Mooca, Penha, Lapa, Sé, Jabaquara, Pirituba Tucuru. .vi Tatuapé Pra quebrar a rotina num fim de semana em São Paulo Lavar um carro, comendo um churro é bom pra burro Um ponto de partida pra subir na vida em São Paulo Terraço Itália, Jaraguá ou Viaduto do Chá Na grande cidade me realizar morando num BNH Na periferia, a fábrica escurece o dia... |
Sampa
Caetano Veloso
Alguma coisa acontece no meu coração que só quando
cruzo a Ipiranga e a Avenida
São João
é que quando eu cheguei por aqui eu nada
entendi da dura poesia concreta de tuas esquinas
da deselegância discreta de tuas meninas
Ainda não havia para mim Rita Lee,
a tua mais completa tradução
Alguma coisa acontece no meu coração
que só quando cruzo a Ipiranga e a Avenida São João
Quando eu te encarei frente a frente não vi o meu rosto
chamei de mau gosto o que vi
de mau gosto, mau gosto
é que Narciso acha feio o que não é espelho
e a mente apavora o que ainda não é mesmo velho
nada do que não
era antes quando não somos mutantes
E foste um difícil começo
afasto o que não conheço
e
quem vende outro sonho feliz de cidade
aprende de pressa a chamar-te de realidade
porque és o avesso do avesso do avesso do avesso
Do povo oprimido nas filas, nas vilas, favelas
da força da grana que ergue e destrói coisas belas
da feia fumaça que sobe apagando as estrelas
eu vejo surgir teus poetas de campos e espaços
tuas oficinas de florestas, teus deuses da chuva
Panaméricas de Áfricas utópicas, túmulo do samba
mais possível novo quilombo de Zumbi
e os novos baianos passeiam na tua garoa
e novos baianos te podem curtir numa boa.
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Essa duas
músicas apresentam através de imagens vivas e numa linguagem poética, os
dilemas e as possibilidades que caracterizam a reflexão antropológica.
Leia as alternativas abaixo e, em seguida, faça o
que se pede:
I - O “avesso do avesso” pode ser traduzido como
um recurso através do qual o estrangeiro (o outro ou aquele que não faz parte
da cultura citada na música) por fim consegue ver alguma beleza em
comportamentos que inicialmente o chocaram (chamei de mau gosto o que vi) e contrasta
com a visão dos nativos, que simplesmente acham linda caminhar/viver daquela
forma.
II - Caetano Veloso não é paulista, mas baiano, ou
seja, ele é o “outro” do paulista. È aquele que veio de longe)interpretar São Paulo
através do angulo do estranhamento (“quando eu chegue por aqui eu nada
entendi”). Enquanto que o grupo Premeditando o Breque (grupo formado por
integrantes de pessoas que nasceram, foram criadas e moram em São Paulo)
interpreta a cidade de maneira bem familiar, nada causa espanto o
estranhamento.
III – As duas músicas apresentadas representam o
único objeto da antropologia,ou seja, a antropologia é o estudo das “sociedades
primitivas”(dos povos chamados de “selvagens”). A antropologia não se preocupa
com as sociedades industrializadas que sofreram profundas modificações ao longo
da história.
IV – Nas duas músicas citadas
acima, o que importa ao olhar antropológico não é apenas o reconhecimento e o
registro da diversidade cultural, nesse e em outros domínios das práticas
culturais, mas também a busca do significado de tais comportamentos que
sempre aparecem como diferentes, exóticas, estranhas ou até mesmo perigosas.
As alternativas corretas são:
A) II e III
B) II e IV
C) I e III
D) I, II e III
E) I, II e IV
Questão número 2
“A
crítica do etnocentrismo é verdadeira e não é nova. Mas isso não deve levar à
ideia de que nós temos de reconstituir a história do ponto de vista dos
vencidos. Nós não podemos nos transformar em índios. Uma coisa é fazer o estudo
da visão dos índios e outra é reconstituir a história a partir do seu ponto de
vista. Há estudos recentes de etnohistória, como o que Padden fez no México e
Wachteel no Peru, em que se estuda como os índios perceberam o descobrimento, a
conquista e a colonização. São estudos de mentalidades. A história precisa
ultrapassar os pontos de vista do vencido e do vencedor e dizer alguma coisa a
mais. Como nação, somos herdeiros dos europeus, dos índios e dos negros, mas
todos não participam da mesma maneira na nossa formação. Um foi o vencedor e os
dois outros foram os vencidos”.(Fernando Novais)
Sobre o etnocentrismo podemos afirmar que:
A)
é exclusivo de
épocas determinadas e rompe com a ideia de que um determinado povo é o centro do mundo.
B)
o etnocentrismo não pode ser visto como a dificuldade
de pensarmos a diferença. E no plano
afetivo não pode ser entendido como sentimentos de estranheza, medo,
hostilidade.
C)
não pode se expressar como a procura dos
mecanismos, das formas, dos caminhos e razoes, pelos quais tantas e tão
profundas distorções se perpetuam nas emoções, pensamentos, imagens e
representações que fazemos da vida daqueles que são diferentes de nós.
D)
o
etnocentrismo rompe com a imposição de uma visão única e possível. Não
aceita que haja uma visão considerada melhor, a natural, a superior, a certa.
E)
O etnocentrismo consiste em privilegiar um universo de representações
propondo-o como modelo e reduzindo à insignificância os demais universos e
culturas “diferentes”. De fato, trata-se de uma violência que, historicamente,
não só se concretizou por meio da violência física contida nas diversas formas
de colonialismos, mas, sobretudo, disfarçadamente por meio da “violência
simbólica”
Questão número 3
Relativizar é uma
palavra que, até hoje, muito pouco saiu das fronteiras do conhecimento
produzido pela Antropologia. O conceito de ‘relativização’ de acordo com a
Antropologia busca:
A) designar a
ocorrência de uma imprecisão conceitual na teoria antropológica;
B) descrever a
preeminência da relação entre os termos em qualquer análise antropológica;
C) apontar para o
risco de suspensão moral das categorias de nossa própria cultura;
D) nomear o
processo de construção de conceitos abstratos a partir das representações
nativas.
E) expressar o processo de
observação dos valores da própria cultura como se fosse outra;
Questão número 5
1)
“Somos todos juntos uma miscigenação\ E não podemos \ fugir da
nossa etnia Índios, \brancos, negros e mestiços \Nada de errado em seus \
princípios O seu e o meu são\ iguais Corre nas veias sem \ parar Costumes, é folclore, é \ tradição
Capoeira que rasga o\ chão Samba que
sai da favela \ acabada É hip hop na minha \
embolada É o povo na arte É \ arte no povo E não o povo na \ arte De quem faz arte com o \ povo Maracatu psicodélico \ Capoeira da pesada Berimbau \ elétrico Frevo, samba e cores \ Cores unidas e alegria Nada \ errado em nossa...
A letra da música Etnia,
de Chico Sciense e Nação Zumbi, apresenta uma definição do que é e como se
formou o povo brasileiro. Essa música nos remete a obra de Darcy Ribeiro
intitulada O povo brasileiro,
publicada no ano de 1995. Essa obra aborda a formação histórica, étnica e
cultural da população brasileira, com impressões baseadas nas experiências de
sua vida. Esse estudo foi considerado inovador e ele utilizou o termo “novo
povo” para caracterizar a nossa população. Essa definição é assim denominada em
virtude do fato de que o
O povo brasileiro segundo Darcy
Ribeiro é
A)
O resultado de uma integração
totalmente pacífica a partir de um processo descontinuo e não violento de unificação política que garantiu a
formação de identidade étnica homogênea e não discrepante.
B)
O povo brasileiro forma
uma unidade étnico-cultural devido ao fato de não existirem grandes diferenças
regionais no nosso território.
C)
O povo brasileiro foi
originado a partir de um processo de aculturação total de todos os grupos
étnicos-culturais que aqui foram introduzidos ao longo da sua história.
D)
O povo brasileiro foi
formado a partir de um processo de miscigenação que anulou toda e qualquer
diferença regional existente anteriormente.
E)
um processo continuado e violento de
unificação política, logrado mediante um esforço deliberado de supressão de
toda identidade étnica discrepante e de repressão e opressão de toda tendência
virtualmente separatista.
Questão número 6
O antropólogo deve ser aceito
para poder interpretar a visão desde dentro do grupo, deve também conseguir um
trato normal e quotidiano, algo que muitas vezes só se consegue com muito
tempo, confiança e redes sociais de informantes fiáveis. O antropólogo é
catalogado geralmente como um estranho ou intruso (i.e. maneiras de vestir
diferentes), pelo qual o receio dos locais pode ser grande no início. Outras
vezes, devido à nossa juventude podemos experimentar proteccionismo e
paternalismo por parte das pessoas que estudamos. Os trabalhos de campo
clássicos desenvolvem um tempo de estadia de um ano como mínimo (descrição do
ciclo anual ritual, vital, agrícola, urbano, etc.). A investigação prolongada
produz dados mais ricos e fiáveis, mas a antropologia aplicada já tem em conta
técnicas de “valoração rápida” que incluí menor tempo de estadia no terreno.
Partilhar o
dia a dia do observado, os seus trabalhos, as suas conversas, as suas festas, o
seu sofrimento, a sua alegría, etc, impõe-se a todo aquele que deseja aprender
a sua visão de mundo, captar as motivações dos seus atos e compreender o seu
sistema de valores. Essa afirmação
se refere a
a) a Cultura enquanto um objeto privilegiado da antropología
b) as relações interdisciplinares da antropología com as outras
ciências sociasi
c) as formas de
divulgação dos trabalhos da antropologia
d) a produção da escrita etnográfica
e) ao método de estudo da
antropología (observação participante)