sexta-feira, 2 de maio de 2014

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foto: Ronaldo Campos

Entrevista com a médica e professora Elza Machado de Melo para a Revista Pedagógica do Instituto de Educação de Minas Gerais Ano 2 \ Número 2\ maio 2013 \ Belo Horizonte – MG


Texto da da Revista Pedagógica do Instituto de Educação de Minas Gerais
Ano 2 \ Número 2\ maio 2013 \ Belo Horizonte – MG


Entrevista

Elza Machado de Melo destaca-se por uma trajetória profissional relevante para a sociedade e uma formação identitária coerente como pesquisadora, professora e cidadã. Professora do Faculdade de Medicina da Universidade Federal de Minas Gerais, coordenadora do Núcleo de Promoção de Saúde e Paz/DMPS/FM/UFMG e da Rede Saúde e Paz, criadora e coordenadora do Mestrado Profissional de Promoção de Saúde e Prevenção da Violência (FM/UFMG). É líder do Grupo de Estudos sobre Saúde e Violência. Dentre os seus últimos trabalhos, destaca-se o “Projeto de Atenção Integral à Saúde da Mulher em Situação de Violência” e o seminário “Para elas: por elas, por eles, por nós”.
Nessa entrevista, realizada por Ronaldo Campos e Maria Inês Pereira, a professora da Faculdade de Medicina da Universidade Federal de Minas Gerais, Elza Machado de Melo destaca a importância de projetos que unem teoria e prática, que buscam uma abordagem integral e que respeitem a diversidade sociocultural. Além de demonstrar a importância do trabalho em rede, que envolve vários atores sociais.


RC: Inicialmente, gostaria que a senhora contasse um pouco como foi o início da sua trajetória acadêmica-profissional.
EMM: Sou professora da Faculdade de Medicina e iniciei a minha trajetória acadêmico-profissional um ano depois de formada como professora no internato rural. São trinta anos de muito trabalho, onde muita coisa aconteceu. As minhas escolhas me conduziram ao lugar onde estou agora e tenho muito orgulho do meu trabalho como médica, da minha formação acadêmica (mestrado e doutorado) e dos projetos e pesquisas que coordeno aqui.
No começo, encontrei muitas dificuldades para desenvolver projetos e programar ações. Eu era uma médica clínica que trabalhava com o orgânico e com questões próprias da saúde e da doença. Era uma jovem recém-formada de vinte e poucos anos que contava apenas com a ajuda de alguns alunos do curso de medicina e tinha que resolver o dilema de trazer algum nível de desenvolvimento para a saúde de uma determinada cidade do interior do nosso país.
A única certeza era a impossibilidade de trabalhar os problemas da área de medicina preventiva e social como se fossem autônomos em relação ao contexto social, político e ideológico do país e do mundo. Era preciso trabalhar com a sociedade como um todo, com a população inteira. Nesse momento, essa tarefa parecia impossível e durante muito tempo me senti impotente diante da grande complexidade da realidade. Apesar de tudo isso, tinha a convicção de era possível levar o conhecimento que foi adquirido aqui na universidade para regiões carentes do nosso estado. E assim iniciávamos os projetos.

RC: No inicio, quais foram as dificuldades para implementar projetos e ações? E como esse impasses foram resolvidos?
EMM: No Brasil, em grande parte das vezes, não há uma continuidade político-administrativa. O que é começado em um mandato pode ser interrompido imediatamente no mandato seguinte. E, assim, durante um bom tempo, começávamos um projeto e logo em seguida “ele se desmanchava”. Para em seguida começar novamente outro projeto que por sua vez também poderia ser “desmanchado”. E nesse começar e recomeçar quase que contínuo, compreendi que era preciso fazer algo imediatamente.
Percebi que era preciso encontrar mecanismos que não deixasse e que não permitissem que os progressos obtidos pelos nossos projetos fossem desperdiçados sempre que ocorresse a substituição do partido político dominante, a posse de um novo prefeito, a mudança do secretário de saúde do município ou a substituição dos profissionais da área de saúde. Era preciso criar alguma base, uma raiz, um vinculo, uma durabilidade para aqueles projetos.
RC: Que elemento é esse?
EMM: Esse elemento pode ser sintetizado da seguinte forma: qualquer projeto só pode ter durabilidade se for um projeto que pertença a todos os sujeitos envolvidos nele. Por isto é tão importante estabelecer parcerias, onde, os participantes são sujeitos reconhecidos e portadores de competências, de vontades e, assim, capazes de construir um mundo, de manter viva a possibilidade de um conhecimento progressivo, cada vez mais racional, cada vez mais avançado do ponto de vista do desenvolvimento humano. Portanto, é possível elaborar e implantar projetos efetivos e duradouros que tenham como base o agir coletivo, respeitoso, que preserva comemora as pessoas. E essa ação já contém em si mesma a possibilidade de superação da violência.
RC: E como foi constituída a fundamentação teórica dessa prática?
EEM: De fato foi a prática que me sinalizou um caminho a percorrer. Mas, faltava definir de modo claro e preciso uma fundamentação sólida para a minha práxis. Por isto resolvi investir na minha formação acadêmica.  
Fiz o mestrado em Ciência Política pela Universidade Federal de Minas Gerais. Escolhi essa área exatamente por que ela abre um campo de possibilidades para pensar os fenômenos sociais de forma ampla e integral. A fundamentação teórica para discutir desafios – como, por exemplo, o da superação da violência – foi encontrada nas ideias do filósofo Jurgen Habermas (a “Teoria da Ação Comunicativa”), cuja base é o entendimento linguístico ou pacto racional entre sujeitos (ou o procedimento racional de aquisição desse acordo) mediado pela linguagem no seu uso comunicativo cotidiano (a fala). O foco principal aqui é basicamente a força das razões apresentadas (o argumento), e, neste sentido, não envolve nem um outro tipo de coerção. O que é estabelecido nessa relação é uma ação intersubjetiva, onde, todas as pessoas envolvidas se reconhecem reciprocamente como sujeitos. Em suma, o filosofo trabalha exatamente com as interações do cotidiano (na práxis comunicativa do cotidiano) de sujeitos que usam a linguagem na perspectiva de se entenderem e de construírem um mundo.
Em resumo, a teoria da ação comunicativa de Habermas é o fundamento teórico da minha prática. As ideias habermasianas ofereceram um subsidio tão radical, pois  o filosofo trabalha  exatamente as interações na práxis comunicativa do cotidiano de sujeitos que usam a linguagem na perspectiva de se entenderem e de construírem um mundo.
A premissa do meu trabalho e dos nossos projetos é essencialmente prática. É nascida no cotidiano, na minha interação com as outras pessoas. A teoria veio como uma resposta para uma pergunta que eu já buscava e que já havia sido posta pela minha prática.

RC: A sua atuação na Faculdade de Medicina se destaca em vários campos. Certamente, os projetos que a senhora coordena têm uma grande visibilidade e importância social. Como ocorreu a gênese desses projetos? E quais foram os desdobramentos desses projetos?

EEM: Não adianta fazer lindos projetos de cima para baixo. Ou é feito de maneira participativa ou então não vai acontecer. Nessa perspectiva, nasceram os projetos “Pirapora Adolescente”, “Meninos do rio”, “Frutos do morro”, “Núcleo de promoção de saúde e paz”. Este núcleo é fruto da história de vários projetos interligados que foram se articulando, somando. Entendendo que quanto mais a gente se agrupava, maior era a nossa capacidade de enfrentar os problemas e atuar do jeito que queriamos com os objetivos que estabelecemos.
Os projetos nasceram da experiência e da participação dos seus próprios integrantes. Por exemplo, no caso da Maria Inês Pereira, ele chegou até nós e disse: “ – eu  não estou representando um projeto. Eu sou uma professora que está começando uma experiência numa escola e quero saber se me cabe aqui.” E eu disse sim. E ela apresentou a sua experiência. Simultaneamente, outras pessoas foram convidadas. E essas pessoas foram trazendo outras. Ficamos um ano, numa espécie de grande seminário, assistindo as apresentações de tantas experiências. E estas foram discutidas, analisadas e sistematizadas. E desta sistematização nasceu uma primeira matriz curricular que a universidade aprovou como um curso de aperfeiçoamento. Deste curso de aperfeiçoamento com aquela experiência nós formamos três turmas.

RC: Para os projetos desenvolvidos, qual é a importância de ter uma equipe formada por pessoas com formação e experiência de vida tão ampla e diversificada?

EEM: Nós nos beneficiamos com o conhecimento que cada um dos professores trouxe. Pois, foi possível transformar todos esses saberes pulverizados em saberes interelacionados e que dialogam com outros e com a própria realidade na qual estamos inseridos. Gerando um saber coletivo e que por sua vez gerou também uma matriz curricular de um curso de pós-graduação latu senso da universidade federal.

RC: O que a senhora sentiu quando o curso de pós-graduação latu senso nascido de todo esse processo foi aprovado pela Universidade Federal de Minas Gerais?


EEM: Quando esse curso foi aprovado, eu me sentia a pessoa mais feliz que você possa imaginar. Porque a universidade que tem o papel de gerar as matrizes do conhecimento, as formas de transmissão do ensino reconheceu algo que nasceu da experiência das pessoas na sua vida, nos seus lugares de trabalho, nas suas cidades, nos seus bairros.  Isto é muito simbólico no sentido de que é possível trabalhar nessa perspectiva participativa. Para o mestrado profissional foi um pulo. Hoje temos muitos projetos (alguns com alcance nacional e de grande porte) e sessenta mestrandos. Tudo e todos nascidos da convicção de que se a gente unificar, somos capazes de vencer atritos, conflitos e vaidades egoístas e individualistas. 

Uma história de muitas histórias: A presença feminina nas artes e na educação em Belo Horizonte

Texto da Revista Pedagógica do Instituto de Educação de Minas Gerais
Ano 2 \ Número 2\ maio 2013 \ Belo Horizonte – MG



  Uma história de muitas histórias: A presença feminina nas artes e na educação em Belo Horizonte

Texto e Pesquisa: Ronaldo Campos

Introdução


Nós somos finitos e marcados pela temporalidade. Sofremos uma espécie de condenação imposta pelo tempo que “como um inseto perseverante devora mecânica e inexoravelmente toda vida, realizando assim sua obra de decomposição” (CANDAU, 2011, p. 15) O que nos permite parar (ou pelo menos diminuir) as ações e os efeitos do fluxo do tempo sobre nós é a memória. Graças a ela o passado não está definitivamente inacessível ou perdido, porque é possível revivê-lo através da rememoração do que se passou. A memória atua sobre o tempo. Permitindo atribuir um novo significado ao sentido existencial, atualizando os conteúdos experimentados. A memória costura, tece o passado no presente, compondo tramas e enlaçando-se em novas possibilidades existenciais.
Não nos lembramos das memórias que não têm significado para nós. Pois, de acordo com Candau (2011), a memória ao mesmo tempo em que nos modela, é também modelada por nós. Memória e identidade se relacionam dialeticamente. Ambas se apoiam uma na outra com o intuito de gerar uma trajetória de vida, uma história, um mito ou uma narrativa. É um trabalho de reapropriação e negociação para que o nosso passado não se perca no esquecimento. Sem as lembranças e destituído da memória, o sujeito é aniquilado. Busca-se combater o medo do esquecimento a partir de estratégias de rememoração pública e privada. As biografias enquadram-se como uma delas.
O gênero biográfico é uma forma importante dentro dos estudos históricos. Pesquisar a vida de um determinado indivíduo abre um campo de possibilidades para se compreender a época em que essa pessoa viveu. Através da biografia é possível entender que todos nós nos organizamos em grupos que partilham certa sensibilidade diante das questões da época em que vivemos e da sociedade em que nos inserimos, por meio das trocas culturais, articulações e contatos. Escrever a biografia de uma determinada pessoa implica “arrastar” através da história , “como se fosse um imã em uma limalha. Implica situá-lo nos campos possíveis onde o indivíduo se move e se constitui. Implica também falar de uma série de assuntos que, de forma direta ou tangencial, refletem a sua trajetória.” (NASCIMENTO, 2009, p.146)
Quando reconstituímos as narrativas de vida, ainda que o foco esteja em assuntos particulares da trajetória de um individuo, requer uma mobilização da multiplicidade dos seus pertencimentos. A memória individual compõe a nossa memória social. E o ato de lembrar em conjunto, compartilhando a memória, é uma atividade que constrói pontes de relacionamento entre pessoas, associadas a uma bagagem cultural comum.
O Instituto de Educação de Minas Gerais (antiga Escola Normal Modelo) representa um lugar da memória da nossa cidade, da escola, da educação brasileira, da trajetória de professores, alunos e funcionários que passaram pelas suas salas de aulas e demais espaços. Contudo, com o passar dos anos, muitas dessas narrativas de memórias se perderam, uma vez que para as lembranças permanecerem vivas é necessário que sejam relembradas e revividas no presente.
Essas lacunas produzidas pelo tempo e pelo esquecimento podem ser preenchidas. Por que a partir do ato de (re)velar o esquecido, o passado pode ser recuperado e reconstruído com novas significações. A nossa realidade presente pode ser reconstruída com as centelhas do passado. Assim, a trajetória de grandes personalidades que foram responsáveis por momentos memoráveis da nossa história e que se encontram apagados, pode mais uma retomar o seu lugar no mundo. Redescobriremos a história de Jeanne Louise Milde, Helena Antipoff, Elza de Moura, Lúcia Casasanta e Alaíde Lisboa. E, por fim, perceberemos que a história delas é (a seu modo) a nossa história também..

Jeanne Louise Milde

Obra de Jeanne Louise Milde (foto: Ronaldo Campos)


Jeanne Louise Milde  (Reprodução\Foto: Museu Mineiro)


Jeanne Louise Milde foi uma mulher a frente do seu tempo. Rompeu barreiras e abriu caminhos que mais tarde seriam seguidos por milhares de mulheres ao redor do mundo. A sua história tem início, em Bruxelas (Bélgica). Filha de Josse Milde e Mathilde Cammaerts Milde. Nasceu em 15 de julho de 1900. Estudou belas artes na Real Academia de Bruxelas, onde recebeu uma sólida e bem fundamentada formação acadêmica. Vivenciou e experenciou a grande revolução cultural que ocorreu nas primeiras décadas do século XX. Apesar de não estar diretamente ligada a nenhum movimento de vanguarda nas artes, assistiu (e a seu modo também atuou) a grande transformação ocorrida no campo das artes, da cultura e da sociedade.
Ser mulher e artista no início do século XX não era uma tarefa simples ou fácil. Enfrentou a oposição da sua família e da sociedade belga da sua época. A sua mãe não queria que estudasse e, provavelmente, se o seu pai soubesse, ele não teria permitido. Por isto, no início, frequentou a escola sem que soubessem. Em 24 de setembro de 1918, foi “a única mulher a ser aceita pela Escola de Belas Artes, a ser aluna com os jovens. E os jovens (...) criticavam muito (...) diziam essa mulher pequena se julga ser algum dia escultor (...)” (RODRIGUES, 2003, p.32) Com muito talento, dedicação e trabalho, conseguiu vencer as adversidades e ser aceita como artista num mundo majoritariamente masculino. Foi uma aluna dedicada e brilhante. Na Academia, se destacou e recebeu prêmios importantes.
Apesar do futuro promissor que se delineava em sua terra natal, Jeanne Milde muda radicalmente o seu destino ao aceitar em 1929 o convite de Alberto Alvares, enviado do governo mineiro, para compor a Missão Pedagógica Europeia que tinha por objetivo implementar a reforma do ensino em Minas Gerais. Com o professor Omer Buyse, veio para capital mineira para participar da implantação da Universidade do Trabalho. Nesta seria criada a Escola de Belas Artes, cuja direção ficaria sob a sua responsabilidade. Mas, com a eclosão da Revolução de 30, foram interrompidos esses projetos e a Missão foi desarticulada. Entretanto, Jeanne Milde permaneceu no país.
Apesar do projeto de criação da Universidade do Trabalho e da Escola de Artes ter sido abortado precocemente, Milde conseguiu conquistar um espaço significativo no panorama cultural-pedagógico da capital mineira. Tornou-se professora de modelagem e desenho na Escola de Aperfeiçoamento, na qual preparou professoras para ministrar a disciplina de trabalhos manuais, que inclui modelagem e pintura no currículo. Trabalhou também no Curso de Administração Escolar (do Instituto de Educação), na Escola de Polícia Rafael Magalhães, na Fazenda do Rosário e realizou muitos trabalhos em hospitais, junto a médicos e enfermeiros.
Algumas de suas ideias e da sua prática foram consideradas muito avançadas para a época. De acordo com o depoimento da ex-aluna Elza de Moura, apresentado no site da Enciclopédia Itaú Cultural de Artes Visuais: houve uma ocasião, um episódio desagradável com a Milde porque a direção da Escola de Aperfeiçoamento se insurgiu contra as projeções de nus artísticos, nas aulas. Mas Mademoiselle Reagiu à altura e os nus continuaram a ser projetados. Milde, antes de tudo era uma artista europeia e não se curvou ao ambiente mesquinho da época e a tradicional família mineira não perdia tempo, mas perdeu dessa vez. Durante as palestras com essas projeções, Mademoiselle as enriquecia fazendo comentários esclarecedores, diminuindo o pouco conhecimento das alunas com relação a história das artes. Elza Moura nos diz que o seu terceiro encontro com Mademoiselle. Milde foi como colegas, Moura, com as atividades de teatro de bonecos e a Milde com suas atividades específicas, usando material do ambiente para o enriquecimento de professoras alunas de zona rural, curso organizado pela professora Helena Antipoff. Mademoiselle Milde deu uma valiosa contribuição nesses cursos para professoras rurais, ampliando-lhes o horizonte estreito do meio em que viviam. Assim, de acordo com Elza Moura, esses cursos foram notáveis. E possibilitaram que essas professoras leigas de zona rural voltassem para seus municípios com outra visão do ensino da vida.
Jeanne Milde foi responsável por introduzir na educação mineira uma aprendizagem que unia teoria e a prática, onde, simultaneamente, se trabalhava com uma abordagem erudita da arte e uma arte mais aplicada (onde eram trabalhados elementos inerentes à realidade das Minas Gerais). Ao enfatizar os aspectos criativos, possibilitava a implantação de um ensino mais livre e formativo. Foi responsável, incialmente, na Escola de Aperfeiçoamento e, em seguida, no Instituto de Educação, de uma oficina de criação, onde as alunas tinha a sua disposição uma série de técnicas artísticas e expressivas. No fim de cada ano, as obras produzidas eram apresentadas numa grande exposição que sempre recebeu da mídia local um grande destaque.
Educadora e escultura, a sua atuação foi além da regência de sala de aula. Pensava a educação como um todo. Preocupava-se com todos os aspectos materiais e imateriais de uma escola. Por exemplo, ao perceber a inadequação do mobiliário escolar da época, projetou e construiu com recursos limitados em sua própria casa vários móveis utilitários e funcionais que atendiam às necessidades dos alunos da pré-escolar.
Jeanne Milde é considerada uma das precursoras do modernismo em Minas Gerais. Ajudou a criar espaços que permitiram encontros e incentivo às artes na capital mineira. Produziu esculturas para parques, órgãos públicos, praças, cemitérios e jardins residenciais. Desde o momento da sua chegada em Belo Horizonte, manteve aberto e acessível à comunidade, no Grande Hotel (que se localizava onde hoje temos o edifício Maleta) um ateliê de escultura. Em 1930, cria dois baixos-relevos decorativos para o prédio da Escola Normal Modelo, atual Instituto de Educação, em Belo Horizonte.
Concebia arte como sendo um instrumento para mobilizar a capacidade criativa que une imaginação e inteligência. “Trabalhava com sua arte, aplicando-a à realidade de uma nova sociedade que se pretendia construir tendo como um dos pilares a educação. A cadeira de artes objetivava o aprimoramento do espírito e da criatividade, mas voltava-se para a prática escolar.” (RODRIGUES, 2003, p.57) O trabalho ultrapassa as questões pedagógicas, abrangendo também as atividades artístico-socais e culturais da arte em Minas Gerais. Foi uma presença fundamental que legitimou salões e exposições de arte em Belo Horizonte. Pois, possuía um solido conhecimento acerca da história da arte e uma visão crítica em relação às mudanças nos movimentos da arte moderna-contemporânea.
No hall de entrada do Instituto de Educação de Minas Gerais, há um amplo e belo salão ornamentado com elementos arquitetônicos neo-clássicos. Ao lado das escadarias que conduzem a parte superior do edifício, destacam-se os baixos-relevos decorativos de autoria da professora e artista belga Jeanne Louise Milde. Os painéis representam o ensino das artes e das ciências.
De modo geral, podemos caracterizar a obra de Mademoiselle Milde, a partir de uma temática refinada e vigorosa. Dotada de grande inspiração e liberdade de elaboração, com senso de harmonia e elegância que revela uma escultura pura, sensível e sensual. Pode-se perceber elementos influenciados pela art-déco e pelo expressionismo. A sua obra combina uma extraordinária percepção clássica formal com a leveza dos volumes e movimentos, o que confere uma magnifica longilineidade às suas peças. Milde se especializou nas figuras e mitos femininos, para onde são transpostos sensações, emoções e expressão próprias à mulher, transcendendo-se espiritualmente em seu trabalho
No caso específico dos painéis em baixo relevo do IEMG é uma alegoria intelectualmente refinada. Milde retratou (na forma de dois grupos de cinco mulheres) o sentimento de amor e dedicação dos alunos às artes, às ciências e à cultura. Cada uma das figuras femininas representadas tem a posse (e, por consequência, o domínio) de um elemento associado ao conhecimento. E todas estão iluminadas pela luz do sol (conhecimento). No painel do ensino das artes, a primeira jovem segura um martelo; a segunda, um formão; na parte central, o sol; a quarta mulher segura um livro; e a quinta uma paleta de pintor. No outro, na representação das ciências, há também um grupo de cinco mulheres: a primeira segura um galho de café; a segunda, um globo; na parte central, o sol, a quarta jovem segura um livro; e a última um compasso e um esquadro.
É uma obra que deve ser apreendida a partir do seu simbolismo, por que a artista se utilizou de uma linguagem cifrada e com muitas alegorias. Objetos facilmente reconhecíveis como um martelo, um livro ou o sol não representam apenas eles mesmos. São conceitos (ideias) de significado mais profundo ou abstrato. Assim, o martelo é o símbolo da razão orientando a vontade. É o símbolo da inteligência criativa. O sol é a glória, a espiritualidade, a iluminação e o conhecimento. Representa a vitalidade, a paixão, coragem e juventude eternamente renovada. O livro é um emblema auto evidente da sabedoria, ciência e erudição. O globo representa a primeira matéria (alquimia).
Ao associar a figura da mulher ao conhecimento, a artista belga nos mostra uma representação de mundo que rompe com a imagem tradicional da mulher e propõe uma nova representação do feminino. Ou seja, a mulher deixa de ser uma pessoa destinada à procriação, ao lar, para agradar o outro.
A figura feminina aqui não está associada nem a maternidade (representando os papeis de mãe e esposa) nem ao erotismo (representando a mulher como objeto de desejo do homem). E passa a ser sujeito do conhecimento. Nesse sentido, essa obra tem um caráter revolucionário e mostra a artista belga como uma mulher a frente do seu tempo. Pelo contrário, é uma imagem que simboliza a conquista dos direitos à educação e à profissionalização. A obra de Milde nos traz uma nova mulher inserida em uma sociedade em transformação. A mulher passa a ter uma identidade própria, com desejos e angústias que são próprios da condição humana.
Os dois painéis decorativos foram feitos por uma mulher especialmente para a Escola Normal Modelo. Certamente, porque era naquela época um dos raros espaços na capital mineira em que as mulheres poderiam desenvolver os seus talentos, as suas individualidades. Nos dias de hoje, essa bela obra ganha um novo significado. Passa a representar o lugar privilegiado que as mulheres conquistaram na nossa sociedade.


Helena Antipoff

Helena Antipoff na (Foto: reprodução)


A psicóloga e educadora Helena Antipoff nasceu em 1892, na cidade de Grodno, Russia. Filha de Sofia Constantinovna e de Wladimir Vassilevitch Antipoff. Em virtude da carreira do seu pai (um militar de alta patente) e pela origem materna aristocrática, viveu parte da infância na cidade de São Petersburgo e recebeu uma educação internacional. Com a separação dos pais, em 1909, foi viver com a mãe e os irmãos em Paris (França). Estudou na Sorbonne e no Collège de France. Formou-se em psicologia. Trabalhou no Instituto de Ciências da Educação e no Instituto Jean Jacques Rousseau em Genebra.
Em 1916, Helena Antipoff retornou a Rússia, na época da ocupação alemã, para reencontrar o seu pai que havia sido ferido durante a Primeira Grande Guerra. Assistiu os fatos históricos da Revolução Russa. Trabalhou em estações médico-pedagógicas em Viatka e em São Petersburgo com adolescentes abandonados, sem teto e sem rumo (na época, eles eram denominados como jovens delinquentes). Em 1921, atuou como colaboradora científica no Laboratório de Psicologia Experimental de São Petersburgo, fundado por Netschaieff.
Casou-se com Viktor Iretsky, jornalista e escritor russo, que foi perseguido e preso em decorrência das suas ideias literárias, consideradas nocivas à sociedade soviética. Essa situação levou o casal a se exilar em Berlim, na Alemanha. Como não oportunidades de trabalho para Helena Antipoff em território alemão, ela retornou a Suíça. E lá trabalhou no Laboratório de Psicologia da Universidade de Genebra como assistente de Édouard Claparède e como professora de Psicologia da Criança na Escola de Ciências da Educação no Instituto Jean Jacques Rousseau. Foi colaboradora de Claparède na pesquisa sobre os processos de pensamento inteligente. Nessa época, recebeu o convite do governo de Minas Gerais para lecionar na Escola de Aperfeiçoamento. Inicialmente, recusou o convite. Mas, em 1929, aceitou assinar o contrato por dois anos para lecionar psicologia na Escola de Aperfeiçoamento de professores de Minas Gerais. Ficou responsável pela disciplina de psicologia, a coordenação do Laboratório de Psicologia e assessoria do sistema de ensino na aplicação de testes de inteligência.
Na Escola de Aperfeiçoamento, recria o ambiente de integração entre teoria e prática experimentando nos seus trabalhos no Laboratório de Psicologia da Universidade de Genebra. Os trabalhos desenvolvidos nessa época subsidiaram e originaram o extenso programa de pesquisa sobre o desenvolvimento mental, ideais e interesses das crianças de Minas Gerais. Helena Antipoff buscou comprometer as suas alunas no processo de construção de uma pedagogia científica, com o objetivo de prepara-las para conhecer as crianças através de novas teorias e novas metodologias desenvolvidas pela psicologia.
Em 1932, um grupo de médicos, educadores e religiosos, sob a presidência de Helena Antipoff, criou a Sociedade Pestalozzi de Belo Horizonte. Esta instituição tinha vários objetivos. Certamente, o primeiro era o de cuidar das crianças excepcionais e assessorar as professoras de “classes especiais” dos grupos escolares. Além de atuar sobre diversos focos de exclusão social (provocados pela miséria, abandono e por questões de deficiência mental no sentido estrito). “Em todos os casos, tratava-se de procurar resguardar os direitos das crianças em situação de risco social. O consultório médico-pedagógico para crianças deficientes ou problemáticas instalado pela Sociedade em 1934 passou a atender regularmente essas ‘crianças-problema’, e tornou-se o embrião do futuro do Instituto Pestalozzi de Minas Gerais, posteriormente transformado em instituição pública, financiada pelo governo do Estado de Minas Gerais.” (CAMPOS, 2002, p.26) Em 1940, a Sociedade Pestalozzi instalou no município de Ibirité (Minas Gerais) sob a denominação de Escola da Fazenda do Rosário. O objetivo dessa instituição era educar e reeducar crianças abandonadas ou excepcionais. Aplicava-se os métodos da Escola Ativa, centrados na atividade espontânea da criança. Foi a partir dessa época que Helena Antipoff produziu um extensa e importante obra educativa (educação especial, educação rural, criatividade, superdotação) que influenciou a formação de muitas gerações de psicólogos e professores. Nessa mesma época, tornou-se professora fundadora da cadeira de Psicologia Educacional na Universidade Minas Gerais (atual UFMG), lecionando na Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras as disciplinas de didática e psicologia.
As ações pedagógicas de Helena Antipoff dedicadas à educação rural foram marcadas por uma filosofia pedagógica com ênfase na atividade e autonomia do aluno, numa atitude democrática, com o respeito à diversidade e a fé na ciência como um importante elemento de transformação da vida. Para a educadora, “talento e inteligência não são de geração espontânea, mas precedidos de longo trabalho de gerações: quem será pintor num meio rural, onde a criança nem mesmo tem o direito de usas o lápis de cor?” (CAMPOS, 2002, p.29)

Lúcia Casasanta

Lúcia Schmidt Monteiro de Castro nasceu em 29 de maio de 1908 em Carancas (Santa Luzia), região metropolitana de Belo Horizonte. Filha do fazendeiro Eduardo Olavo Monteiro de Castro, neto do Barão de Congonhas do Campo, e da professora Clodilte Schmidt Monteiro de Castro , neta de educadores alemães, Félix Schmidt e Verônica Klaiser. A sua formação teve início na cidade de Ouro Preto no Grupo Escolar D. Pedro II. O curso primário foi concluído em Belo Horizonte no Grupo Escolar Barão do Rio Branco. Em 1922 ingressou no curso de magistério na Escola Normal Modelo de Belo Horizonte. Na época, esse era considerado um destino obrigatório para as moças de boa família. Antes da sua formatura de normalista, no ano de 1926, iniciou sua carreira no magistério ao assumir o cargo de professora substituta de Música, Canto e Teoria Musical, no Grupo Escolar Barão do Rio Branco. O seu trabalho era preparar alunos para o exame final, cujos resultados seriam publicados no jornal “Minas Gerais”. Os seus alunos se destacaram com sucesso e, em virtude disso, recebeu inúmeros elogios.
Por seu desempenho brilhante como aluna da Escola Normal Modelo e como professora do Grupo Escolar Barão do Rio Branco, aos 19 anos, foi convidada pelo então governador de Minas Gerais, Francisco Campos, para fazer parte de um grupo de bolsistas que seria enviado para a Teacher´s College, da Columbia University (Nova York). Essa instituição norte-americana era considerada "o maior centro educacional do mundo" e irradiador do idealismo liberal. Na universidade, especializou-se em Metodologia do Ensino da Língua Pátria.
Ao retornar ao Brasil, em parceria com Alda Lodi (uma das fundadoras do curso de Filosofia da UFMG) fizeram parte da criação e estruturação da Escola de Aperfeiçoamento, uma escola laboratório que tinha por objetivo formar uma nova classe de professores. Um local importante para a produção de conhecimento sobre a metodologia da linguagem e sedimentação da prática pedagógica. Essa escola correspondia ao curso pós-médio, direcionado a professoras que já exerciam o magistério. Ao fim de dois anos, voltariam às suas escolas de origem, como elementos multiplicadores das teorias e metodologias aprendidas no curso. O corpo docente da Escola de Aperfeiçoamento tinha uma formação teórico-prática originária dos Estados Unidos e da Europa

Lúcia Casasanta atuou como professora e trabalhou muito para concretizar a reforma de ensino proposta por Francisco Campos e para estabelecer uma nova forma metodológica no ensino\aprendizagem da leitura e da escrita, em um momento de muita incerteza pedagógica da nossa história. Defendeu de forma contundente a utilização do Método Global de Contos para o ensino da leitura. Enfatizou a ideia que as escolas deveriam trabalhar com a formação do leitor, incentivando os professores a se tornarem leitores e formadores de novos leitores. A educadora foi defensora do espírito científico na sala de aula. O processo de ensino-aprendizagem deixou de ser o resultado do “dom” natural (da “intuição”) do mestre para ser uma ação planejada, resultado de estudo e pesquisa. Especialista em metodologia da linguagem. É lembrada até os dias de hoje pela sua contribuição para a alfabetização. Defensora do método global de contos para aprendizagem da leitura. Um método revolucionário que obteve resultados surpreendentes no processo de alfabetização. Foi amplamente adotado dos anos 30  até a década de 70

No ano de 1933, casou-se com o professor Mário Casasanta. E assumiu os quatro filhos do professor, com idades que variavam de 2 a 6 anos. Cinco anos mais tarde, ocupou a cadeira de professora adjunta de didática da linguagem na Universidade do Rio de Janeiro. Em 1946, atua no Curso de Administração Escolar (CAE). Em 1953, como integrante da Comissão Organizadora do Programa do Ensino Primário, foi responsável por elaborar a parte relativa à Língua Pátria. No ano seguinte, lançou o pré-livro “Os três Porquinhos” e deu início a série didática “As mais belas histórias”.  Em 1963, ficou viúva e assumiu o lugar do seu marido no Conselho Estadual de Educação (permaneceu até a sua aposentadoria em 1977). Participou também do Conselho Estadual de Educação no triênio 1969-1971. Em 1970, tornou-se a primeira diretora do Instituto de Educação de Minas Gerais depois do seu reconhecimento como entidade de ensino superior pelo Conselho Federal de Educação. Foi uma das fundadoras (1970) e a primeira reitora da Universidade Estadual de Minas Gerais (UEMG). Dentre as suas principais realizações, destaca-se a criação da primeira biblioteca infantil do Brasil e da primeira clínica para correção de problemas e leituras e linguagem.
Faleceu em 04 de junho de 1989. Mas a sua obra permanece viva na memória de educadores, antigos alunos e das inúmeras crianças que não se esquecem de “As mais belas histórias”


Alaíde Lisboa


Professora, escritora, pesquisadora, memorialista, política e figura de destaque no meio cultural brasileiro, Alaíde Lisboa de Oliveira nasceu no dia 22 de abril de 1904, na cidade de Lambari (sul de Minas Gerais), onde passou a sua infância. Filha de Maria Rita Vilhena Lisboa e do conselheiro João de Almeida Lisboa. É irmã da poetisa Henriqueta Lisboa e do poeta José Carlos Lisboa (a quem sucedeu na cadeira número seis da Academia Mineira de Letras). Fez o primário no Grupo Escolar Dr. João Bráulio Júnior. Foi uma aluna que gostava muito de estudar. Fez o curso normal no internato do Colégio Nossa Senhora de Sion (na cidade mineira de Campanha.), e desenvolveu uma carreira estudantil brilhante na Escola de Aperfeiçoamento Pedagógico de Minas Gerais, onde conviveu com a educadora e psicóloga Helena Antipoff, trazida para Minas Gerais graças ao empenho do professor José Lourenço de Oliveira, com quem Alaíde Lisboa veio a casar, em 1936. Helena Antipoff foi a sua madrinha de casamento. Teve quatro filhos: Abigail, José Carlos, Sílvio e Maria.
É autora de mais de trinta livros, entre didáticos, ensaios e literatura infantil. Atuou até 1957 como professora na Escola Normal Modelo (atual Instituto de Educação de Minas Gerais – IEMG) e na Universidade de Minas Gerais (que mais tarde daria origem a Universidade Federal de Minas Gerais – UFMG). Durante a sua carreira no magistério, desenvolveu um produtivo trabalho de base, não só nas funções de professora e de diretora, mas também como pedagoga e incentivadora dos movimentos de renovação do ensino no nosso estado. Foi professora em cursos de extensão em várias universidades brasileiras. Jornalista no jornal mineiro O Diário, durante quinze anos. Presidente da APPMG por dois mandatos.
Dezessete anos após a conquista do direito ao voto feminino no Brasil, foi a primeira mulher eleita para o cargo de vereadora em Belo Horizonte (em 1947, como suplente, assumindo efetivamente dois anos depois). Na época do seu mandato, conseguiu um aumento dos salários dos professores do Estado.
Em 1957, doutorou-se em didática pela UFMG, da qual se tornou catedtática por concurso público. Exerceu vários cargos de direção na universidade. Durante treze anos, foi diretora do Colégio de Aplicação da UFMG, além de exercer o cargo de vice-diretora da Faculdade de Educação, primeira coordenadora do mestrado em educação e, finalmente, professora emérita.
Deixou o seu nome gravado na história da literatura infantil com a obra A bonequinha preta que contribuiu para despertar o interesse pela leitura de várias gerações há sessenta e cinco anos.Sua obra, em especial o livro Nova didática, foi classificada por Carlos Drummond de Andrade como um trabalho altamente inovador e criativo, “um trabalho feito de experiência, reflexão e amor à tarefa, com apoio em um grande talento”.
Elza de Moura


Elza de Moura na época da sua formatura (Foto: reprodução – acervo pessoal de Elza de Moura)



Elza de Moura é uma das mais importantes educadoras do nosso país e uma das mulheres mais atuantes na segunda metade do século XX. Educadora, escritora, pesquisadora, maestrina, gestora e comunicadora de rádio e televisão. É reconhecida por sua vasta experiência e grande competência. Presenciou as modificações pelas quais a educação vem passando em nosso país e atuou de forma dinâmica. Trabalhou com nomes importantes como a psicóloga e educadora Helena Antipoff, José Oswaldo de Araujo, Abgar Renault, Mário Campos, Aníbal Matos, a escultora Jeanne Louise Milde, Mário e Lúcia Casassanta,
Nasceu na capital mineira no ano de 1915. Cresceu e vive até hoje no bairro Santa Ifigênia, em Belo Horizonte. Iniciou os seus estudos aos seis anos de idade no curso primário no Grupo Escolar Henrique Diniz. Repetiu a quarta série do ensino primário duas vezes por não ter a idade mínima de 12 anos para iniciar seus estudos como normalista ( repetiu não por reprovação, mas para completar a idade exigida para o ingresso na escola normal).
Estudou na Escola Normal Modelo (atual Instituto de Educação de Minas Gerais – IEMG) e na Escola de Aperfeiçoamento.  Após a sua formatura, ficou seis anos sem lecionar por opção pessoal. Nesta época, estudou piano e canto. Foi convidada por uma amiga para lecionar no Grupo Escolar Lúcio dos Santos e depois no Grupo Escolar Flávio dos Santos.
Adepta da Escola Nova e de métodos como a gramática funcional. Elza já gravou programas educacionais na extinta TV Itacolomi. Participou ativamente das atividades do Complexo Educacional Fazenda do Rosário. Foi Orientadora técnica no Grupo Escolar Sandoval de Azevedo. Orientadora técnica e diretora no Grupo Escolar Henrique Diniz. Ainda hoje ela é convidada para palestras e escreve artigos para jornais.
Destacou-se na imprensa mineira escrevendo para suplementos infantis e publicou diversos livros, dentre eles destacam: Lili e Paulinho estudam ciências naturais (Editora do Brasil), Pequeno Cientista (Editora do Brasil), Orientação Metodológica (Editora Bernardo Alvares), entre outros.
Em artigos para jornal, chamou atenção para as possibilidades que tem a escola primária de realizar um trabalho de reatamento das relações entre o poeta/poesia e o público/sociedade. Dizia a professora, que vários autores modernos brasileiros eram comumente utilizados pelo programa oficial do ensino primário em Minas Gerais. Através de leituras, declamações, corais falados e leituras silenciosas, os meninos tomavam conhecimento de poemas de Drummond, Bandeira, Cecília Meireles, Vinícius de Morais e outros. Isto, bem se vê, é um avanço extraordinário; principalmente quando se considera que mais da metade de nossos professores secundários têm sólidos e impenetráveis preconceitos contra a poesia dita moderna ou qualquer sombra de inovações em arte.



REFERÊNCIAS
Alaíde Lisboa. Disponível em <http://www.fae.ufmg.br/alaidelisboa/conteudo.htm>>, acessado em 23 de fevereiro de 2013
CAMPOS, Regina Helena de Freitas (org.). Helena Antipoff: Textos escolhidos. São Paulo: Casa do Psicólogo; Brasilia: Conselho Federal de Psicologia, 2002
COELHO, Nelly Novaes. Dicionário crítico de escritoras brasileiras. São Paulo: Escrituras, 2002.
Enciclopédia Itaú Cultural de Artes Visuais. Disponível em , acessado em 23 de fevereiro de 2013
GAGNEBIN, Jeanne Marie. Lembrar escrever esquecer. São Paulo: Editora 34, 2006.
LETICIA, Júnia. “Lúcia Casasanta: uma vida dedicada à educação”. In: Elas por elas. Agosto de 2009. P.45-46. Belo Horizonte: Simpro Minas.
MACIEL, Francisca Izabel Pereira. Lúcia Casasanta e o método global de contos: Uma contribuição à história da alfabetização em Minas Gerais. Belo Horizonte: FAE\UFMG, 2001. (Tese de doutorado)
NASCIMENTO, Cecília Vieira do. Francisca Senhorinha da Motta Diniz: Movimento feminista no magistério e na imprensa. In: FARIA FILHO, Luciano Mendes de, INÁCIO, Marcilaine Soares.(orgs.). Políticos, literatos, professores, intelectuais: o debate público sobre educação em Minas Gerais. Belo Horiozonte: Mazza Editores, 2009.
PÁDUA, ANTÔNIO DE. IEMG: Casarão rosado da educação. Belo Horizonte: Cultura, 1999.
RODRIGUES, Rita Lages. Entre Bruxelas e Belo Horizonte: Itinerários da escultora Jeanne Louise Milde. Belo Horizonte: C\Arte e FACE FUMEC, 2003.
SANTOS, Edelweiss de Paiva. Instituto de Educação de Minas Gerais: Pequena biografia de uma grande escola. Belo Horizonte: Maza Edições, 2011.
SCHUMAHER, Schuma, BRAZIL, Érico Vital. Mulheres negras no Brasil. Rio de Janeiro: Senac, 2007.
SCHUMAHER, Schuma, BRAZIL, Érico Vital. Dicionário mulheres do Brasil: de 1500 até a atualidade. Rio de Janeiro: Zahar, 2000.
SOUZA, Rita de Cassia de. Não premiarás, não castigarás, não ralharás... Dispositivos disciplinares em grupos escolares de Belo Horizonte (1925-1955). São Paulo: USP, 2006 (tese de doutorado)
VIEIRA, Ivone Luzia. Jeanne Louise Milde: noventa anos de historia. Educação em Revista. [online]. 1990, n.11, pp. 81-84. Disponível em http://educa.fcc.org.br/pdf/edur/n11/n11a30.pdf, acessado em 23 de fevereiro de 2013.

Comemorando 50 de fundação, o UniBH






Comemorando 50 de fundação, o UniBH chega em 2014 com a bagagem de quem viveu quase metade dos 116 anos da cidade natal. O centro universitário se tornou uma instituição erguida e alimentada por trajetórias distintas, unindo, desde o início, os sonhos que construíram Belo Horizonte. São mais de 120 cursos entre graduação e pós-graduação em 4 unidades diferentes.
Nessas cinco décadas, o desenvolvimento se deu conforme o desejo mútuo entre comunidade e instituição de compartilhar seus caminhos. E é por isso, que o UniBH, tão importante na vida da cidade e de seus moradores, sopra as velinhas certo de que somente por meio de histórias dos alunos, professores e colaboradores é possível contar a sua. Acesse a página, http://oqueunebh.com.br/.


Ouro Preto - Patrimônio Cultural Mundial da Humanidade

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