O nome João Pinheiro ressoa como o do grande patrono da modernidade em Minas, mas sua origem estava longe dos palácios. Nascido como João Pinheiro da Silva em Serro, em 16 de dezembro de 1866, sua história é um roteiro de superação e transformação, digna de uma cinebiografia.
Da Humildade no Serro ao Brilho em São Paulo
João Pinheiro era filho de um imigrante italiano humilde. Seu pai, Giuseppe Pignataro, chegou ao Brasil por volta de 1848 e, ao abrasileirar o nome para José Pinheiro da Silva, mal sabia que lançava as bases de uma dinastia política. Aos quatro anos, João Pinheiro ficou órfão e a dificuldade financeira da família o levou a buscar refúgio na educação.
A Virada: Graças ao padre João de Santo António, ele iniciou os estudos no Seminário de Mariana. Concluiu-os na prestigiada Escola de Minas de Ouro Preto e, em 1882, seguiu para São Paulo, formando-se bacharel na Academia de Direito em 1887. Para se manter, contou com a ajuda crucial do professor Cypriano José de Carvalho.
República, Abolição e o Palco Político
Em São Paulo, João Pinheiro não perdeu tempo. Em 1886, alistou-se no Partido Republicano e mergulhou na campanha abolicionista. De volta a Minas, consolidou sua ascensão:
Em 1888, abriu um escritório de advocacia em Ouro Preto.
Assumiu posição de destaque na organização do Partido Republicano Mineiro (PRM), alinhando-se a Cesário Alvim.
Fundou o jornal "O Movimento", uma ferramenta estratégica para a causa republicana.
Casou-se em 1889 com Helena de Barros, sua ex-aluna da Escola Normal.
A Liderança e o Plano de Voo para Minas
No início da República, atuou como Secretário do primeiro governo estadual. Em 1890, assumiu interinamente a Presidência do Estado de Minas, onde iniciou a reorganização administrativa e nomeou a comissão que elaboraria a Constituição Estadual.
Em 1895, abandonou a política após o levante de 1891 e voltou a Caeté, dedicando-se à Cerâmica e lecionando na Faculdade Livre de Direito. Mas o chamado político era mais forte.
Em 1906, foi eleito Presidente do Estado para o quatriênio 1906-1910. Sua meta era clara: tirar Minas Gerais da estagnação econômica.
O Patrono da Educação: Ele deu o pontapé inicial na reforma do ensino primário. Em 1906, criou a Escola Normal Modelo da capital (atual Instituto de Educação de Minas Gerais), consolidando seu legado como patrono da educação mineira moderna.
Pioneiro Econômico: Introduziu a política de incentivos fiscais, regulamentou o ensino agrícola para adultos e estimulou industrialistas e agricultores, sendo um precursor do desenvolvimento.
João Pinheiro faleceu precocemente em 25 de outubro de 1908, no Palácio da Liberdade, deixando 11 filhos. Seu exemplo de trabalho e clareza de pensamento foi uma herança fundamental para Minas. Seu filho mais notável, Israel Pinheiro (Governador de MG de 1966 a 1970), dedicou sua trajetória a dar prosseguimento aos projetos interrompidos pela morte prematura do pai.
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