sexta-feira, 5 de abril de 2019

Uma citação sobre memória



É preciso se libertar das “amarras”, não jogar fora simplesmente o passado e toda a sua história: o que é preciso é considerar o passado como presente histórico,é ainda vivo, é um presente que ajuda a evitar as várias arapucas...Frente ao presente histórico nossa tarefa é forjar um outro presente, “verdadeiro”, e para isso é necessário não um conhecimento profundo de especialista, mas uma capacidade de entender historicamente o passado, saber distinguir o que irá servir para novas situações de hoje que se apresentem a vocês, e tudo isto não se aprende somente nos livros. Na prática não existe o passado. O que existe ainda hoje e não morreu é o presente histórico. O que você tem que salvar – aliás, salvar não, preservar – são certas características típicas de um tempo que pertence ainda à humanidade. Mas, se a gente acreditar que tudo o que é velho deve ser conservado, a cidade vira um museu de cacarecos. Em um trabalho e restauração arquitetônica, é preciso criar e fazer uma seleção rigorosa do passado. O resultado é o que chamamos de presente histórico. (Excerto da apresentação do projeto para a Nova Prefeitura de São Paulo, por Lina Bo Bardi, 1992)

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