quinta-feira, 12 de outubro de 2017

Educação
Patrimonial

Texto elaborado pela equipe da Revista Pedagógica do IEMG (Ronaldo Campos e Rosa Maria Vicente)– 2013

A educação patrimonial configura-se como uma proposta ainda pouco difundida, embora reveladora de um trabalho que pode tornar-se facilitador de um tipo conhecimento critico e consciente por parte das comunidades e indivíduos acerca do seu patrimônio cultural, fortalecendo o seu sentimento de pertencimento. Ou seja, esse processo de educação é um campo propicio ao desenvolvimento do conceito de Patrimônio Cultural, permitindo a absorção de novos referenciais para sua seleção e democratização das práticas culturais. Por esta razão a educação patrimonial deve ser entendida como uma atividade continua e cotidiana, envolvendo todos os segmentos que compõem a comunidade escolar, objetivando preservar os marcos e as manifestações culturais, compartilhar responsabilidades e esclarecer dúvidas, conceitos e, concomitantemente, divulgar trabalhos técnicos e informativos pertinentes e seus respectivos resultados. Em suma, um processo de educação do olhar que ocorrerá tanto  no âmbito da educação formal como da educação não formal, utilizando situações e ações que provoquem reações, interesses, questionamentos e reflexões sobre o significado e o valor de todo o acervo cultural do IEMG.
Entende-se por cultura um sistema de atividades e modos de agir, costumes e instruções de um povo, meio pelo qual o homem se adapta às condições de existência, transformando a realidade. Cultura é um processo em permanente evolução, diverso por natureza e rico em desdobramentos. É um desenvolvimento de um grupo social, uma nação, uma comunidade, fruto do esforço coletivo pelo aprimoramento dos seus valores espirituais e imateriais.
O bem cultural é o produto do processo, assim como os elementos da natureza que proporcionam ao ser humano conhecimento e consciência de si mesmo e do ambiente que o cerca. O patrimônio cultural de um povo é formado pela soma dos seus bens culturais. Cada bem cultural seja objeto, monumento, canções ou obras de arte é testemunho de uma época da história, que nos permite conhecer o passado, compreender o presente e planejar o futuro, resgatando informações importantes que auxiliam as pesquisas atuais no sentido de melhorar o mundo em diversas áreas do conhecimento.

  É preciso se libertar das “amarras”, não jogar fora simplesmente o passado e toda a sua história: o que é preciso é considerar o passado como presente histórico,é ainda vivo, é um presente que ajuda a evitar as várias arapucas...Frente ao presente histórico nossa tarefa é forjar um outro presente, “verdadeiro”, e para isso é necessário não um conhecimento profundo de especialista, mas uma capacidade de entender historicamente o passado, saber distinguir o que irá servir para novas situações de hoje que se apresentem a vocês, e tudo isto não se aprende somente nos livros. Na prática não existe o passado. O que existe ainda hoje e não morreu é o presente histórico. O que você tem que salvar – aliás, salvar não, preservar – são certas características típicas de um tempo que pertence ainda à humanidade. Mas, se a gente acreditar que tudo o que é velho deve ser conservado, a cidade vira um museu de cacarecos. Em um trabalho e restauração arquitetônica, é preciso criar e fazer uma seleção rigorosa do passado. O resultado é o que chamamos de presente histórico. (Excerto da apresentação do projeto para a Nova Prefeitura de São Paulo, por Lina Bo Bardi, 1992)

A  educação patrimonial realizada num contexto mais amplo possibilita construir com  alunos e com a comunidade escolar o despertar nos alunos adolescentes (que são vistos como modelos de comportamento a serem seguidos pelos alunos menores) a necessidade de se preservar a história e o acervo material da nossa instituição. Por isto é importante fornecer informações básicas sobre cultura, bens culturais, patrimônio cultural, preservação e conservação dos bens culturais, com o intuito de alertar, despertar e motivar ações coletivas que busquem resgatar a memória, a história, as lembranças, e outras coisas que possam ser importantes para reconstrução da história de comunidade.

Tomando por base a importância da preservação do patrimônio-histórico cultural, que não mais é que um conjunto e bens culturais portadores de valores que podem ser legados às gerações futuras percebemos que é necessário trabalhar com as comunidades conceitos sobre essa temática. Mas o entendimento e abordagem dos temas relativos ao patrimônio devem ser transmitidos através de métodos educacionais, pois o cenário cultural em que vivemos valoriza o novo, o amanha, o futuro, com isso ocorre um processo de anulação da dimensão do tempo e da memória, ao mesmo tempo, em que ocorre um enfraquecimento tanto do passado como do presente.
Nesse sentido, o estabelecimento de projetos que tratam da temática da educação patrimonial tem o significado de gerar ações que viabilize a reconstrução e preservação dos bens culturais das comunidades, levando os alunos a conhecer, conscientizar e valorizar a sua história e a história do IEMG, exercitando o exercício da memória, identidade e cidadania.
A educação patrimonial objetiva oportunizar a toda comunidade escolar do IEMG refletir sobre a importância da sua trajetória na formação cultural, resgatando informações importantes, que possam auxiliar nas pesquisas atuais no sentido de melhorar o meio em que vivemos, visando o bem estar material e espiritual das comunidades.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

Apostila “Diretrizes para a educação patrimonial”. Belo Horizonte: IEPHA/Secretária de Cultura de Minas Gerais, 2008.

CARMO, Cláudio. Ficções do patrimônio: raízes da memória em Gustavo Barroso e Mário de Andrade. Rio de Janeiro: Editora Agora da Ilha, 2002.

GUIMARÃES, Edelfina. MIRANDA, Marcos Paulo de Souza. A educação patrimonial como instrumento de preservação. São João Del Rey. Disponível em <http://www.mp.mg.gov.br/extranet/baixarArquivo.action?idItemMenu=12448>. Acesso em 25 de agosto de 2008.
ORIÁRicardo. Educação patrimonial: conhecer para preservar. Brasília. Disponível em<http://www.aprendebrasil.com.br/articulistas/articulista0003.asp> Acesso em 25 de agosto de 2008.
Reflexões e contribuições para a educação patrimonial. Belo Horizonte: Secretária do Estado da Educação de Minas Gerais, 2002. (Lições de Minas, 23).



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