terça-feira, 12 de maio de 2009

A escola – um vazio moral?

A escola – um vazio moral?

A escola contemporânea está marcada por uma certa anomia moral, por uma dificuldade de lidar com valores e de ter claro referências éticas que devem condicionar nossa vida. São muitos exemplos sobre a ausência da preocupação ética que espalham nos mais variados ambientes, tanto institucionais ou familiares.
Nós (professores e demais trabalhadores da educação juntamente com os alunos e o restante da comunidade escolar) perdemos a clareza sobre o que não é considerado válido ou o que não é mais admitido, mas principalmente o que fazer diante do que não é valido, como fazer para que as coisas não se repitam daquelas formas como estão repetindo, e o que fazer para que haja um crescimetno ético-moral dos jovens estudantes a partir de situações anômalas.

Os alunos não conseguem interiorizar o que pode e o que não pode ser feito, compreender, apreender e incorporar isso aos seus preceitos, conceitos e práticas. As relações acabam por se estabelecerem num plano de conflito iminente e permanente, controladas pelo grito da professora ou pela ameaça da interdição das formas de lazer e prazer.

Provavelmente, não temos tempo para trabalhar os problemas morais dentro das atividades de planejamento escolar. Em algumas escolas, o tema transversal dedicado a ética, é tratado simplesmente com a exibição de um filme ou de uma palestra. Não existindo uma analise concreta dos problemas. Ou porque não estava previsto ou porque não faz parte das coisas que os professores lidam (dos seus pequenos feudos de saber).

Quando não trabalhamos com a ética e os valores morais na escola, transformamos a escola de um lugar formador e instrutivo para ser apenas instrutiva.

Apesar dessa situação de anomial moral, a escola nos últimos anos tem feito um esforço significativo no sentido de se aprefeicoar. A nossa escola é capaz de formar profissionais capazes de construir uma ponte, montar fabricas, elaborar programas de computadores. Mas ela não é capaz (ou tem pouca capacidade) para trabalhar a dimensão emocional da inteligência que conseguiria descobrir os fatos afetivos, relacionais, intersubjetivos das nossas relações sociais.
Que valores queremos que os nossos estudantes incorporem em sua formação?
Queremos jovens solidários ou mais competitivos?
Se queremos competitivos, quais os limites para exercer essa competitividade?
Queremos alunos obediente ou criativos e rebeldes?
Queremos que sejam prudentes, cautelosos, temerosos?

Certamente, não basta saber o que não pode ou que não deve fazer. É necessário sentir que é inadmissível, que é absurdo. Pressentir a censura no olhar dos outros. Intuir que haverá uma mancha por bom tempo a acompanhar seu nome. Sentir vergonha do erro, internalizar o sentimento do ignóbil.

Na realidade, o que a nossa escola precisa não é de mais uma matéria acadêmica intitulada “Direitos humanos”. O que é preciso é a cultura, a sensibilidade para os sentimentos humanos.

3 comentários:

  1. Vivenciamos um tempo onde os valores morais parecem estar cada vez mais ameaçados por formas "fáceis" de progredir.
    As pessoas procuram por atalhos que as levem mais rapidamente, com menos sacrificio, àquilo que desejam, o que faz com que percam a capacidade de se importar com o outro, de respeitar as necessidades e direitos desse outro.
    Moro ao lado de uma escola de 1ª a 4ª série e frequentemente ouço professoras aos berros com alunos que já não lhes demonstram nenhum respeito e penso: Se elas perdem e não conseguem impor respeito a essas crianças nessa fase do aprendizado, como esses alunos estarão quando eu os receber na 8ª série?
    É preciso romper com esse circulo vicioso, em que os valores morais são considerados ultrapassados e supérfluos. Precisamos educar as crianças de forma que respeitem esses valores e desde sempre os apliquem.
    Precisamos ensinar que o outro tem tanto direito quanto eu de ser feliz, respeitado e aceito.
    Se permitirmos que crianças cresçam sem valores morais, estaremos ajudando a desenvolver monstros, insensiveis ao sofrimento e à dor que provocam.
    Precisamos fazer com que desde criança, um aluno consiga se colocar no lugar do outro e refletir sobre como se sentiria nesse lugar, caso fosse maltratado, desrespeitado, ferido. A empatia é fundamental para que não se estabeleça uma psicopatia social.

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  2. Todos nós temos consciência que o Homem não é, nem nunca será, o deus diante de quem outro homem deve ajoelhar-se. Nenhum ser da nossa espécie, portanto, jamais será onisciente. Isso vale, antes de mais nada, para os professores, cientistas e líderes políticos..
    O avanço da ciência e do pensamento discursivo filosófico nos mostrou algumas vezes de maneira clara outras nem tanto que a descoberta científica, assim como a maioria do saber produzido por nós ao longo de milhares de anos, baseia-se numa ignorância consciente, no controle dos limites da razão.
    Em tal consciência, nesse saber que não sabemos nada de absolutamente certo, é que consiste a sabedoria da tradição que foi iniciada por Sócrates e encontra desdobramentos até na obra de Popper.
    Sócrates é aquele que sabe que não sabe, que conhece os limites dos erros gerados pelo conhecimento, quando solicitamos seus mecanismos internos.
    Quem tem o papel de ensinar deve ter em mente que há alguns limites fundamentais de nossa capacidade de autocompreensão. Devemos concentrar a própria atenção em questões-limite, que geralmente não foram analisadas e são consideradas até imprevisíveis, que excedem o âmbito lógico-filosófico, passando para o metafísico. Tal situação ocorre quando tomamos decisões sobre questões que, em linha de princípio, são indecidíveis. Vice-versa, as questões decidíveis dependem de regras que conhecemos. No entanto, elas apresentam questões que permanecem indecidíveis.
    Um aluno quando nos pergunta qual é a origem do nosso universo ou por que a língua portuguesa foi gerada dessa forma e não de outra... Perguntas que parecem problemas que permanecem indecidíveis.
    Que fique claro: não há muitas hipóteses, teorias ou narrações para estas ou outras questões, mas não temos uma uma resposta unívoca.
    Também devemos pensar que só podemos decidir as questões indecidíveis, pois as decidíveis já foram decididas com base em algumas regras”.
    Como respondemos então à pergunta: representar o mundo ou construir um mundo? A fonte primária do conhecimento é dada por nossa experiência e o mundo é uma sua conseqüência? Ou então a fonte primaria é o mundo e a experiência é uma sua conseqüência? Não há resposta?
    Eu sei que não há uma única resposta, como também nenhum caminho pode ser conhecido com antecedência. O próprio caminho é uma experiência. E o experimentar não se trata de buscar novidades absolutas, mas de seguir o rastro de persistência de histórias, linguagens, tradições.

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  3. Oi Ronaldo!
    Sou estudante de Pedagogia e estou pensando em fazer minha monografia sobre valores morais e a escola. Você tem referências bibliográficas sobre este tema?
    Agradeço se puder me ajudar!
    Meu e-mail é: ane-cabral@ig.com.br
    Obrigada
    Ana Lúcia

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