terça-feira, 9 de junho de 2009

E aí....



Quantas vezes não nos perguntamos se nesse mundo pós-moderno há lugar para a Filosofia (aos moldes do seu desenvolvimento na Antiga Grécia)? Pensar filosoficamente o mundo, a nossa profissão e todas as relações que daí são emanadas, certamente, é uma tarefa de suma importância.
Quando nos voltamos para a origem da Filosofia com Sócrates percebemos que o saber filosófico surge a partir da dúvida, da incerteza, daquilo que está incompleto. Ou seja, Sócrates ao afirmar que "só sei que nada sei" muda o foco do conhecimento: no lugar do plenamente conhecido, da certeza absoluta, ele nos propõe a dúvida. A pergunta filosófica se torna tão ou mais importante do que a certeza apresentada pela resposta. Sócrates abre o caminho para a pesquisa da verdade. Ele nos ensina a se afastar da opinião (da doxa) e nos mostra que a experiência puramente empírica pode se perder numa aventura sem guia.
Tal afirmação nos mostra o quão nocivo foi aquele professor tradicional cheio de verdades perfeitas e fechado para qualquer diálogo que poderia reconstituir o saber a partir do cofronto e da síntese das idéias. O pensamento é fruto de um saber construído dialeticamente. Aluno e professor num diálogo constante são capazes de construir, destruir e reconstruir o conhecimento. O processo de aprendizagem é contínuo e nunca acaba. Aquilo que nós produzimos se abre aos olhos dos outros de múltiplas forma. Quantas vezes, um texto e/ou uma imagem foram lidos de muitas formas. Todas elas pertinentes e complementares.
Nesses últimos meses, foram postados aqui (e também enviados por e-mail) vários textos, várias imagens. Algumas pessoas sentiram um certo estranhamento. Recebi alguns e-mails comentando o que estava aqui, vi alguns comentários no próprio blog e algumas pessoas me pararam para falar que assistiram e discutiram o filme proposto ou que não entenderam o elo entre as fotos antigas e as idéias apresentadas. Tudo ainda muito tímido, mas extremamente pertinente. Por isto com esse texto quero convocar todos para que coloquem as suas impressões no formato de texto ou imagem.

Um comentário:

  1. Para ajudar a refletir:

    É sabido por todos que a filosofia é de fato uma forma de sensibilidade diferenciada. Quando do seu surgimento, a filosofia (do grego ''amor à sabedoria'') não aparece como uma forma de saber, mas como uma relação, afetiva, sensível com o saber. Os gregos compreender o saber e a ignorância de modo distinto daquele que anteriormente existia. Se antes o saber era apreendido como uma plenitude, a ignorância como carência e falta; agora, no mundo helênico, esse panorama sofre uma inversão, a saber: o saber é uma falta (lembre-se de Sócrates que dizia '' só sei que nada sei'', assim, somente aquele que ignora busca a sabedoria, ou seja, o que mais ignora é o que mais sabe, apesar de ser o único a saber que ignora) e a ignorância é uma plenitude. .
    O que nos diferencia dos outros seres segundo Sócrates não é nem a ignorância nem a sabedoria. Mas, o nosso olhar diante da ignorância e da sabedoria. Ou nós percebemos ou não. Ou acolhemos ou a espantamos. Sócrates acolheu o fato de nada saber e através do método dialógico (do diálogo) buscou o verdadeiro conhecimento. Ele não ficou preso nem no jogo de claro e escuro das sombras da caverna nem na falsa aparência de verdade da opinião (da doxa). Mesmo, quase inatingível, .Sócrates buscou a luminosidade da verdade na episteme e no logos.
    E ao encontrar a verdade, ele retornou ao fundo da caverna e tentou conscientizar os outros de que aquilo que era mostrado pelos sentidos na verdade era pura engano o e erro. Sócrates decidiu não fazer essa busca só para si, mas também com todos os outros. Aqui é o momento em que a filosofia se encotra com a educação. Mesmo não ensinando, os outros aprendem com ele. Sócrates rejeita o papel de mestre, mas a sua postura e os seus valores fazem com que ele seja muito copiado (principalmente, pelos jovens).
    Para o filósofo, educar é muito mais do que transmitir conhecimentos, mas passar para o outro sensibilidade, levá-lo a um certo modo de olhar. Não há o que ensinar, a não ser que cada um deve cuidar de si próprio. Deve ser transmitido não um saber, mas uma inquietude acerca de si.
    Por isto podemos dizer que uma vida sem filosofia (sem sabedoria, no sentido grego do termo) não tem sentido e não merece ser verdadeiramente vivida.

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