Se você encontrar com uma ex-aluna do Instituto de
Educação de Minas Gerais – IEMG (que estudou na instituição até o início dos
anos 2000). O Instituto, convenhamos, formou uma legião de gente que pensa –
pode apostar que, em menos de cinco minutos, o nome dele salta na conversa: Albanito
Vaz Júnior. E quando o nome vem à tona, não é para cumprir tabela. É para abrir
o álbum de saudades.
Albanito Vaz Júnior é um dos professores mais queridos e
lembrados do Instituto de Educação de Minas Gerais (IEMG). As suas aulas e os
seus trabalhos são os assuntos principais de qualquer encontro de ex-alunos do
Instituto de Educação. Quem pode esquecer dos florilégios meticulosamente
pensados e apresentados ao som de valsas no auditório do Instituto? Com o seu
jeito único, inspirou centenas de alunas do magistério no Instituto de
Educação. Provocou também a curiosidade e o amor pela literatura em meninos e meninas
do Colégio Batista Mineiro.
Pois é. Os florilégios. Aquelas apresentações
meticulosamente ensaiadas no auditório, onde a poesia virava teatro e a
plateia, suspensa, esquecia por um instante que estava ali para aprender e não
para se emocionar. Ele inspirou centenas de normalistas do IEMG com esse jeito
único – um misto de erudito, carrasco (no bom sentido, o que exige) e pândego.
No Colégio Batista Mineiro, fez o mesmo, despertando em meninos e meninas o fogo
da curiosidade pela literatura.
Formado em Letras Clássicas na UFMG em 1957, Albanito
podia ter enveredado pela vida acadêmica sisuda. Mas preferiu a sala de aula, o
chão de fábrica do conhecimento. Passou décadas ali, moldando mentes.
Aposentou-se compulsoriamente na rede estadual aos setenta anos, mas mandar
Albanito para casa era como proibir o sol de nascer: simplesmente não
acontecia. Continuou lecionando na rede particular, mantendo a chama acesa.
Ele era o que se pode chamar de um clássico. Extremamente
culto, dono de uma oratória que parava o corredor e, pasmem, conservava a
disciplina da sala de aula com... bom humor. Sim, o paradoxo mineiro: a cultura
da Sorbonne com o acolhimento do abraço. Entrava na luta por uma educação de
qualidade, engajado no Sinpro Minas, publicando seus artigos, defendendo um
país mais justo e soberano até o último suspiro.
Mas o que fica, o que faz dele uma lenda, é a paixão pelo
ato de ensinar, que transcendia a matéria. Ele transmitia conhecimento sem
nunca esquecer da formação ético-moral. Era a alegria contagiante em pessoa,
sempre de braços abertos – o que é um feito para um "carrasco" da
literatura.
O depoimento de Selma Medeiros, aluna dele no Curso
Normal entre 1969-1971, é a prova final, a certidão de imortalidade. Aos 65
anos, ela descobre que o professor, aquele que a obrigava a ler, escrever,
montar, dirigir, contracenar e iluminar (tudo isso numa aula de Português, veja
bem), era mais que um mestre. Era um amor que ela passou a vida inteira
sentindo sem se dar conta.
Albanito Vaz Júnior, na verdade, não morreu em 27 de
abril de 2018. Ele apenas encerrou a peça. Mas, como diz Selma, enquanto houver
alguém por aí que consiga fazer pelo menos um pouco do que ele ensinou,
Albanito é, e será, imortal. Ele vive na ponta do lápis, na linha lida e,
principalmente, na saudade que faz o auditório do Instituto de Educação ficar,
de novo, cheio.
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