Marieta Leite é uma figura de notável importância na história da educação e da literatura infantil mineira e brasileira, sendo reconhecida não apenas como psicóloga e professora de cultura extraordinária, mas também como membro da AFEMIL (Academia Feminina Mineira de Letras). Sua contribuição se destaca na modernização da alfabetização e na criação de personagens inesquecíveis.
Uma Intelectual à Frente de Seu Tempo
O currículo de Marieta Leite é marcado pela sua atuação como educadora e pesquisadora. Sua erudição e brilho foram atestados pela professora Elza de Moura, que foi aluna de Marieta entre 1944 e 1945 na chamada "Escola de Aperfeiçoamento". Na época, Marieta lecionava Sociologia e, conforme a lembrança de D. Elza, era portadora de uma cultura extraordinária, sendo admirada por sua profundidade. Ela também integrou o corpo docente em áreas como Metodologia das Ciências Sociais.
Marieta Leite não apenas ensinava, mas também colaborava ativamente com outras grandes figuras da educação em Minas Gerais, como Alaíde Lisboa de Oliveira e Zilah Frota, na produção de material didático inovador, como o trabalho "A poesia no curso primário" (1939).
A Revolução da Leitura com A Pituchinha
O legado mais popular e duradouro de Marieta Leite está na literatura infantil, com a criação da adorável boneca Pituchinha, tema de seu livro homônimo.
O livro não era apenas uma história; ele nasceu como um "pré-livro" essencial no contexto da aplicação do Método Global de Contos para o ensino de leitura em Minas Gerais, sob a coordenação de Lúcia Casasanta nos anos 30. O protótipo de A Pituchinha, ao lado de O Bonequinho Doce (de Alaíde Lisboa), foi intensamente "testado" nas "Classes de Demonstração" da Escola de Aperfeiçoamento e nas principais escolas de Belo Horizonte e do interior, garantindo sua eficácia pedagógica.
A publicação da obra, pela J.B. Oliveira & Cia- Edições Rio Branco, foi celebrada por despertar um "alvorôço das crianças" e garantir resultados no aprendizado. A história da boneca Pituchinha, da Pompom, do Polichinelo e do Soldado que montava guarda na loja de brinquedos transcendeu as páginas. A personagem se tornou tão icônica que deu nome a:
Uma escola em Belo Horizonte, cidade onde Marieta desenvolveu grande parte de sua carreira.
Uma escola no Rio de Janeiro.
Além disso, o livro foi frequentemente encenado em escolas, perpetuando o encanto da narrativa no ambiente educacional.
Outras Contribuições
Marieta Leite demonstrou seu interesse pelo patrimônio cultural brasileiro ao também escrever sobre o Saci, um dos personagens mais queridos e importantes do nosso folclore.
Seu trabalho e memória foram celebrados pela Academia Feminina Mineira de Letras, sendo uma das patronas destacadas no livro Patronas da Academia Feminina Mineira de Letras – Afemil – Belo Horizonte, de 2013, o que ressalta sua importância duradoura para as letras e a educação em Minas Gerais.
Marieta Leite, com sua inteligência acadêmica e sua sensibilidade literária, deixou um marco indelével. Ela não apenas formou professoras com rigor sociológico e cultural, mas também alfabetizou gerações de crianças através da magia lúdica e eficaz da Pituchinha
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