segunda-feira, 27 de outubro de 2025

Machuca



Machuca é uma produção conjunta entre Chile, Reino Unido, França e Espanha  de 2003, dirigida por Andrés Wood. Responsável também pelo roteiro e produção. O elenco é composto por Ariel Mateluna, Manuela Martelli, Aline Kuppeheim, entre outros.

O título do filme faz uma referência a um nome extremamente comum no Chile. Machuca, o Pedro, nosso personagem principal representaria os milhares de meninos que vivem um pouco esquecidos pela sociedade e pelo governo. Ele é um garoto comum como tantos outros.

A história pode ser resumida da seguinte forma: no ano de 1973, durante o governo de Salvador Allende,  Gonzalo Infante (Matías Quer) (de origem europeia) estuda no Colégio Saint Patrick na mais importante escola da capital chillena.  Gonzalo é um menino rico que vive na região mais nobre da cidade com seus pais e sua irmã. 

Durante esse período, o Chile passa por uma série de reformas sociais que objetivam garantir a justiça social para todas as classes. Dentro dessa perspectiva, o padre McEnroe (Ernesto Malbran), o diretor do colégio, implementar muitas mudanças na escola. A mais importante foi a de incluir jovens carentes\pobres como novos alunos da escola  Saint Patrick. 



Pedro Machuca (Ariel Mateluna) é um desses jovens pobres (de origem indígena) que vão estudar no colégio de elite. Nesse novo ambiente, ele se sente  deslocado. Os valores do grupo dominante não sãoe os seus. O que a escola valoriza, ele não domina. Por ser tão diferente, Machuca sofre com os novos colegas. É provocado. Mas, nesse novo ambiente, pouco amistoso, ele conhece  Gonzalo com quem terá  uma verdadeira amizade, apesar das grandes diferenças sociais\culturais entre eles.




No filme “Machuca”,  podemos perceber duas ideias de educação: a tradidois garotos de 11 anos, Gonzalo Infante e Pedro Machuca, que vivem em  mundos separados por uma muralha invisível que alguns sonham em derrubar na intenção de construir uma sociedade mais justa. A sociedade está instalada em meio a uma ideologia onde os ricos serão sempre mais ricos e para eles as melhores coisas. Enquanto aos pobres lhe restam as piores condições de vida, e o que é pior, sem direito a educação. É a velha história de uma classe mais privilegiada dominando outra menos favorecida.   
A contradição desta ideologia é proporcionada pela  Escola Inclusiva, que deve tentar auxiliar, na medida do possível, a constituir um sujeito cidadão, para uma sociedade para todos, como o padre McEnroe no filme, diretor de um colégio particular de elite onde Gonzalo estuda. Em meio à política comunista instalada por Salvador Allende no país, o diretor decide fazer uma integração entre estes dois universos, abrindo as portas do colégio para os filhos das famílias do povoado. É assim que Pedro Machuca ,vai parar na mesma sala de Gonzalo, ponto de partida para uma amizade cheia de descobertas e surpresas ,apesar do abismo de classe existente entre eles. , que acontece paralelamente ao clima de enfrentamento que vive a sociedade chilena na violenta transição de Allende para Pinochet. Delinea-se uma visão através do filme  um problema social , um problema público - a questão da inclusão social - que vem tomando forma e exigindo novas práticas educacionais e sociais. Incluir é criar, criação no sentido das intersecções de afetos, áreas, valores, conceitos, saberes e pessoas.
Tentar implantar a escola inclusiva, parece-nos de início um caminho árduo de ser trilhado. Pois é preciso se fazer uma análise crítica profunda das realidades sociais de cada escola e principalmente de cada aluno. Isso numa sociedade capitalista é algo quase impossível, porque as pessoas quanto mais têm, mais querem, surgindo assim as grandes desigualdades sociais e constantes lutas. È como se comparássemos com a teoria da filosofia do sujeito. Pois segundo Nietzsche o sujeito é apenas uma peça ficcional a mais na luta dos fracos contra os fortes, no qual os primeiros estão sempre ganhando dos segundos. Ou seja, é mais uma estratégia da ovelha para introjetar culpa no lobo. Pois A ovelha (o fraco) usa toda sua astucia para enfraquecer e dominar o lobo(o forte). Sendo o forte é aquele, cujos desejos, paixões e vontades afirmam a vida. Já as ovelhas condenam essas vontades, submetendo-se assim à razão, impondo deveres e castigos aos fortes, induzindo-os a formar uma má consciência. E esse contexto se encaixa perfeitamente dentro da escola tradicional pois é a partir do autoritarismo que se forma esse sujeito de má consciência, pois o indivíduo fica impossibilitado de auto se determinar. Já ao contrário a escola inclusiva(progressista) se está sob forma a forma de antiautoritarismo, valorizando a experiência( impirismo) com base da relação educativa e a idéia de autogestão pedagógica. E através da aprendizagem grupal discussões, assembléia; que são incutidos nos alunos conteúdos de ensino de práticas sociais ligadas ao povo.
É a partir dessa inclusão, dessa mesclagem de indivíduos de várias classes, um vivenciando o problema, as dificuldades, sejam elas sociais, culturais, etc. Pois é a partir da experiência de vida que essa escola possa formar sujeitos autênticos responsáveis pelos seus atos e principalmente formar sujeitos capazes de desenvolver o conceito de solidariedade, e parte da ação para prática. 

O filme retrata uma tentativa de uma democratização dentro da escola. A idéia é boa só teremos uma sociedade mais justa se começarmos a formar alunos solidários uns ajudando os outros. A escola inclusiva é uma tarefa difícil e um caminho árduo, mas é a única esperança que temos para vislumbrar um futuro melhor para todos.       

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