Machuca é uma produção conjunta
entre Chile, Reino Unido, França e Espanha de 2003, dirigida por Andrés
Wood. Responsável também pelo roteiro e produção. O elenco é composto por Ariel
Mateluna, Manuela Martelli, Aline Kuppeheim, entre outros.
O título do filme faz uma
referência a um nome extremamente comum no Chile. Machuca, o Pedro, nosso
personagem principal representaria os milhares de meninos que vivem um pouco
esquecidos pela sociedade e pelo governo. Ele é um garoto comum como tantos
outros.
A história pode ser resumida da
seguinte forma: no ano de 1973, durante o governo de Salvador Allende, Gonzalo Infante
(Matías Quer) (de origem europeia) estuda no Colégio Saint Patrick na mais
importante escola da capital chillena. Gonzalo é um menino rico que vive
na região mais nobre da cidade com seus pais e sua irmã.
Durante esse período, o Chile passa por uma série de reformas
sociais que objetivam garantir a justiça social para todas as classes. Dentro
dessa perspectiva, o padre McEnroe (Ernesto Malbran), o diretor do colégio,
implementar muitas mudanças na escola. A mais importante foi a de incluir
jovens carentes\pobres como novos alunos da escola Saint Patrick.
Pedro Machuca (Ariel Mateluna) é um desses jovens pobres (de
origem indígena) que vão estudar no colégio de elite. Nesse novo ambiente, ele
se sente deslocado. Os valores do grupo dominante não sãoe os seus. O que
a escola valoriza, ele não domina. Por ser tão diferente, Machuca sofre com os
novos colegas. É provocado. Mas, nesse novo ambiente, pouco
amistoso, ele conhece Gonzalo com quem terá uma verdadeira amizade,
apesar das grandes diferenças sociais\culturais entre eles.
No filme “Machuca”, podemos perceber duas ideias de educação: a tradidois garotos de 11 anos, Gonzalo Infante e Pedro
Machuca, que vivem em mundos separados por uma muralha invisível
que alguns sonham em derrubar na intenção de construir uma sociedade mais
justa. A sociedade está instalada em meio a uma ideologia onde os ricos serão
sempre mais ricos e para eles as melhores coisas. Enquanto aos pobres lhe
restam as piores condições de vida, e o que é pior, sem direito a educação. É a
velha história de uma classe mais privilegiada dominando outra menos
favorecida.
A contradição desta ideologia é proporcionada
pela Escola Inclusiva, que deve tentar
auxiliar, na medida do possível, a constituir um sujeito cidadão, para uma
sociedade para todos, como o padre McEnroe no filme, diretor de um colégio
particular de elite onde Gonzalo estuda. Em meio à política comunista instalada
por Salvador Allende no país, o diretor decide fazer uma integração entre estes
dois universos, abrindo as portas do colégio para os filhos das famílias do
povoado. É assim que Pedro Machuca ,vai parar na mesma sala de Gonzalo, ponto
de partida para uma amizade cheia de descobertas e surpresas ,apesar do abismo
de classe existente entre eles.
, que acontece
paralelamente ao clima de enfrentamento que vive a sociedade chilena na
violenta transição de Allende para Pinochet. Delinea-se uma visão através do
filme um problema social , um problema
público - a questão da inclusão social - que vem tomando forma e exigindo novas
práticas educacionais e sociais. Incluir é criar, criação no sentido das
intersecções de afetos, áreas, valores, conceitos, saberes e pessoas.
Tentar implantar a escola inclusiva, parece-nos de
início um caminho árduo de ser trilhado. Pois é preciso se fazer uma análise
crítica profunda das realidades sociais de cada escola e principalmente de cada
aluno. Isso numa sociedade capitalista é algo quase impossível, porque as
pessoas quanto mais têm, mais querem, surgindo assim as grandes desigualdades
sociais e constantes lutas. È como se comparássemos com a teoria da filosofia
do sujeito. Pois segundo Nietzsche o sujeito é apenas uma peça ficcional a mais
na luta dos fracos contra os fortes, no qual os primeiros estão sempre ganhando
dos segundos. Ou seja, é mais uma estratégia da ovelha para introjetar culpa no
lobo. Pois A ovelha (o fraco) usa toda sua astucia para enfraquecer e dominar o
lobo(o forte). Sendo o forte é aquele, cujos desejos, paixões e vontades
afirmam a vida. Já as ovelhas condenam essas vontades, submetendo-se assim à
razão, impondo deveres e castigos aos fortes, induzindo-os a formar uma má
consciência. E esse contexto se encaixa perfeitamente dentro da escola
tradicional pois é a partir do autoritarismo que se forma esse sujeito de má
consciência, pois o indivíduo fica impossibilitado de auto se determinar. Já ao
contrário a escola inclusiva(progressista) se está sob forma a forma de
antiautoritarismo, valorizando a experiência( impirismo) com base da relação
educativa e a idéia de autogestão pedagógica. E através da aprendizagem grupal
discussões, assembléia; que são incutidos nos alunos conteúdos de ensino de
práticas sociais ligadas ao povo.
É a
partir dessa inclusão, dessa mesclagem de indivíduos de várias classes, um
vivenciando o problema, as dificuldades, sejam elas sociais, culturais, etc.
Pois é a partir da experiência de vida que essa escola possa formar sujeitos
autênticos responsáveis pelos seus atos e principalmente formar sujeitos
capazes de desenvolver o conceito de solidariedade, e parte da ação para
prática.
O
filme retrata uma tentativa de uma democratização dentro da escola. A idéia é
boa só teremos uma sociedade mais justa se começarmos a formar alunos
solidários uns ajudando os outros. A escola inclusiva é uma tarefa difícil e um
caminho árduo, mas é a única esperança que temos para vislumbrar um futuro
melhor para todos.


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